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ESTREIA-Em 'Delicadeza do Amor', viúva tenta superar perda com novo amor

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Por Redação
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Em "A Delicadeza do Amor", a francesa Audrey Tautou interpreta novamente uma variação de sua personagem mais famosa: Amélie Poulain. Aqui, temos a Amélie levemente triste, num cenário francês idílico, em uma história de amor pop à la Nick Hornby, mas escrita pelo francês David Foenkinos, que também dirige a adaptação de seu romance ao lado do irmão Stéphane Foenkinos. Os primeiros 15 minutos do filme mostram Amélie, ou melhor, Nathalie, vivendo um amor dos sonhos com seu marido. Conhecemos seu cotidiano, as pequenas alegrias e problemas de um casal normal. Até que um dia ele é atropelado e morre. A vida de Nathalie sai dos eixos e ela se entrega ao trabalho sem qualquer limite, de forma quase doentia, a ponto de seus colegas pensarem --não sem razão-- que ela não tem uma vida propriamente dita. A chegada a seu local de trabalho de um sueco desajeitado é a chance de mudança. Não que ele seja o príncipe encantado que resgatará Nathalie do seu luto eterno, mas, sem qualquer motivo aparente, ela o beija. A vida também sem graça de Markus (François Damiens) ganha um colorido especial, e ele pensa que ela está apaixonada por ele. Bem, ela não está, mas vai ficar, diz a regra das comédias românticas. Do estranho início, o casal caminha para a compreensão e a mudança mútua de suas vidas, por conta desse relacionamento. Transitando novamente entre as pequenas alegrias cotidianas e os exageros do cinema, o filme tende a flertar mais com o segundo do que com o primeiro. A vontade de contar a história de um amor-mágico vai contra qualquer naturalismo que poderia emergir dessa trama que, por natureza, não é capaz de se reinventar. Os irmãos Foenkinos gostam dos exageros doces do amor e das amarguras que podem consumir e separar seus personagens. Às vezes, a dupla faz um retrato da solidão e da dor que funciona bem, mas quando eles querem ser "poéticos" caem no clichê da luz difusa e da trilha sonora "delicada" que parece assolar o cinema independente do mundo ao contar uma história de amor. O personagem masculino, Markus, tem mais nuances e, por isso mesmo, um desenvolvimento mais interessante. De desconhecido solitário, ele se torna uma figura popular na empresa e sonha que se transformou num ímã para mulheres. A cena em que sobe uma rua e todas as modelos que parecem desfilar por ali flertam com ele é o que há de melhor no filme. Por outro lado, a personagem de Audrey --talvez mais que a interpretação dela-- poucas vezes encontra a dimensão humana real de Nathalie. Ela se resume à versão triste de Amélie que não quer encontrar um novo amor. Subtrai-se o fator fofura da personagem, e o que sobra não é muito. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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