ESTREIA-'Em Casa para o Natal' entrelaça histórias na Noruega

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

No pequeno território do cinema nórdico, dominado pela personalidade expansiva do dinamarquês Lars Von Trier ("Melancolia") e a peculiaridade taciturna do finlandês Aki Kaurismaki ("O Homem sem Passado"), ambos habituês do Festival de Cannes, o cineasta norueguês Bent Hamer cavou seu espaço -- especialmente com o original "Histórias de Cozinha", vencedor do prêmio do júri da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2003. Nesta sua nova obra, de 2010, "Em Casa para o Natal", Hamer inspirou-se no livro "Only Soft Presents under the Tree", de Levi Henriksen, entrelaçando diversas histórias natalinas. Como sempre em filmes de episódios, há situações e personagens melhores do que outros, em contextos que oscilam entre o dramático e o cômico quase em igual medida. Cria-se uma situação de tensão quando um médico (Fridtjov Saheim), ao atender a um chamado de urgência, vê-se virtualmente sequestrado ao ser levado à periferia da cidade por um homem armado. Lá, ele encontra a mulher do desconhecido, que está dando à luz. Trata-se de um casal de imigrantes sérvios ilegais, o que dá espaço à discussão de um dos maiores dramas da Europa contemporânea. As diferenças étnicas e religiosas não parecem, no entanto, perturbar dois adolescentes, o garoto protestante Thomas (Morten Ilseng Risnes) e a garota francesa, negra e muçulmana Bintu (Sarah Bintu Sakor). Amicíssimos, caminhando para um romance, os dois mostram-se abertos para descobrir o que há de peculiar no universo familiar e cultural um do outro. Outro drama, este de natureza familiar, envolve as tragicômicas tentativas de um pai divorciado e desempregado (Trond Fausa Aurvaag) para ver seus dois filhos, na casa em que sua ex-mulher agora vive com outro homem. Sentindo-se desprezado, o pai inventa estratagemas criativos para vingar-se das recentes humilhações. Mas o desenvolvimento do personagem nunca esconde suas motivações afetivas -- especialmente quando ele busca uma roupa de Papai Noel para infiltrar-se junto aos filhos. Expectativa romântica na Noite Feliz é o que domina uma mulher madura (Nina Andresen Borud), esperando que, finalmente, seu amante (Tomas Norström) cumpra as velhas promessas, deixando a mulher para ficar ao seu lado. Nesta grande diversidade de temas, eventualmente o ritmo cai. Visivelmente, o diretor procurou realizar um filme que pudesse dialogar com um público maior do que seus trabalhos anteriores, como o recente "Meu caro Sr. Horten" (2007), que retratava a véspera da aposentadoria de um velho maquinista. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.