Provavelmente nunca houve (nem haverá) em Cannes um filme tão povoado de estrelas como Procurando Debra Winger, apresentado nesta quinta-feira em projeção especial e que marca a estréia na direção da atriz Rosanna Arquette, que prefere qualificar seu trabalho de "uma experiência de Rosanna Arquette". Entre outros nomes, aparecem Jane Fonda, Salma Hayek, Vanessa Redgrave, Patricia Arquette, Woopi Goldberg, Melanie Griffith, Daryl Hannah, Gwyneth Paltrow, Robin Wright Penn, Meg Ryan, Sharon Stone e, claro, a Debra Winger do título, que abriu mão da carreira de atriz para se dedicar aos filhos, a sua casa e à felicidade pessoal. A declaração mais articulada é a de Jane Fonda, também longe da tela grande desde 1990, que se refere à sensação de ter sido condenada por receber bons salários. A mais engraçada é a de Whoopi Goldberg, que menciona seu traseiro enorme, a persegui-la, e seus seios caídos. A mais sincera é Frances McDormand, tomada enquanto toma banho. Mas o que há de realmente extraordinário no filme de Arquette é poder assistir a um desfile de atrizes que, em geral, ostentam em seus trabalhos na tela uma inteligência inferior à que de fato possuem e que falam francamente de suas vidas, seus ideais, suas renúncias e suas frustrações com coerência e franqueza admiráveis.