ESTREIA-Darín recomeça nova vida em 'A Dançarina e o Ladrão'

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Por Redação
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Mistura de policial, drama, comédia, romance e fábula, não se pode acusar "A Dançarina e o Ladrão", do espanhol Fernando Trueba, pela falta de imaginação. A presença do ator argentino Ricardo Darín à frente do elenco, na pele de um experiente arrombador de cofres, também é atração à parte. Também há algumas referências ao Brasil, incluindo um trecho de rap e música de Milton Nascimento na trilha sonora, além da presença da renomada bailarina carioca Marcia Haydée no papel de uma professora de dança. Filmada no Chile, a história focaliza o início da redemocratização desse país, em 1990. Com o término do período Pinochet, as prisões promovem uma ampla anistia. Um dos beneficiados é Nicolás Vergara Grey (Darín), o mais famoso arrombador de cofres do país. Já maduro, ele quer deixar para trás sua vida criminosa e se acertar com a mulher, Teresa (Ariadna Gil), e o filho Pablito (Juan Ignacio Jorquera). Mas, ao procurá-la, descobre que ela se mudou de casa, sem deixar o endereço. A narrativa prossegue em duas chaves, uma realista, outra mais fantástica. Na primeira, Vergara Grey procura a mulher e também um antigo parceiro, Monasterio (Luis Gnecco), que lhe deve muito dinheiro. Fazendo a ligação com a segunda, está um jovem ladrão, Ángel Santiago (Abel Ayala), que importuna Vergara Grey para realizar com ele um grande roubo. A poesia invade o filme através do romance de Ángel com uma jovem bailarina, Victoria Ponce (Miranda Bodenhofer), que ficou muda depois de ter presenciado a prisão de seus pais, desaparecidos políticos, sobrevivendo agora protegida por uma professora (Marcia Haydée). Victoria sonha entrar para a concorrida e elitista Academia de Dança de Santiago. Ángel tem um outro sonho, comprar um cavalo de raça do qual cuidou quando garoto. Mas, para isso, precisa do dinheiro do roubo, que Vergara Grey reluta em aceitar. O cavalo, aliás, dá oportunidade a cenas quase surreais, filmadas nas ruas e num parque de Santiago, fortalecendo o elemento de fábula que a história nunca perde de vista, além da beleza visual, pura e simples. Poucos cineastas, como Trueba, conseguem fluência numa história assim. Mas o versátil diretor da comédia dramática "Sedução" (Oscar de filme estrangeiro em 1994), dos documentários "Rua 54" (2000) e "O Milagre de Candeal" (sobre o projeto sócio-musical de Carlinhos Brown, 2004) e da animação "Chico & Rita" (indicada ao Oscar da categoria em 2012) é o homem certo para atravessar essa mistura de gêneros e tons, infiltrando humor em boa parte do percurso. O próprio Trueba assina o roteiro, ao lado de seu filho, Jonás Trueba, e do premiado escritor e roteirista chileno Antonio Skarmeta (roteirista de "O Carteiro e o Poeta"). Skarmeta também faz uma ponta, como um crítico de dança. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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