ESTREIA-Animação 'ParaNorman' traz protagonista que fala com zumbis

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Por Redação
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A famosa frase "I see dead people" (Eu vejo gente morta), de "O Sexto Sentido" ainda ecoa em "ParaNorman", animação stopmotion (com marionetes) que estreia na sexta-feira, somente em cópias dubladas, dirigida por Chris Butler e Sam Fell (de "O Corajoso Ratinho Desperaux"). A animação tem como protagonista uma figurinha interessante: Norman (voz de Ícaro Amado), garoto vítima de zombaria na escola e incompreensão em casa --tudo porque ele vê gente morta, conversa e, mais do que isso, se diverte com eles. Esse estranhamento de Norman --especialmente na escola-- há um quê de "Carrie", sofrendo na mão dos valentões, mal compreendido e que um dia poderá dar o troco. No caso dessa animação infantil, claro, a vingança não vem num banho de sangue, mas no despertar de um grupo de zumbis que se levantam por conta de uma centenária maldição da qual o garoto tenta livrar sua pequena cidade. "ParaNorman", de forma sutil, é um filme que levanta bandeiras e ataca preconceitos --há uma piada no final, com uma polêmica em potencial, mas, deve se saudar a ousadia dela existir, especialmente num filme infantil. Seu discurso é o da tolerância e aceitação, fazendo uma ponte entre passado-- quando mulheres eram acusadas de bruxaria e queimadas ou enforcadas-- e o presente, quando minorias sofrem preconceitos. Na cidade onde Norman mora, uma bruxa foi enforcada e, antes de morrer, lançou uma praga sobre aqueles que a condenaram. Agora, essas pessoas levantam do túmulo e voltam para assombrar os moradores --que, na verdade, nem se assustam tanto, mas tomam as medidas mais drásticas contra os zumbis, instaurando o caos. Apenas Nornam, com seus poderes, é capaz de compreender o que está acontecendo e tentar ajudar vivos e mortos. A paleta de cores dos diretores Butler e Fell é totalmente condizente com o tom sombrio da história. Desde sua abertura-- com uma homenagem a filmes antigos de monstros-- "ParaNorman" valoriza a criatividade, especialmente nas imagens, porque nem sempre a trama consegue manter o seu frescor. E os detalhes-- desde o cenário até as expressões dos personagens-- são assombrosos, ainda mais se levado em conta a complexidade de produção de um filme como esse. Com sua sinceridade e gosto para o sombrio, "ParaNorman" oferece diversão com um quê de diferente. Sem medo de abraçar o sinistro, o filme é, ao mesmo tempo, encantador. Pode assustar crianças pequenas, mas tem o mesmo potencial para agradar a outras maiores e adultos. (Alysson Oliveira, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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