Estreante representa o Brasil em Berlim

O Outro Lado da Rua, de Marcos Bernstein, passa na mostra Panorama do festival alemão. Na competição principal, a América Latina tem apenas uma produção selecionada, a argentina El Abrazo Partido

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Grandes nomes do cinema de todo o mundo participam da disputa dos Ursos de Ouro e Prata no Festival de Berlim, que este ano ocorre de 5 a 15 de fevereiro. O anúncio foi feito ontem pela direção do evento. A seleção oficial reúne 26 títulos - três passam fora de concurso. Havia a expectativa de que Diários da Motocicleta, de Walter Salles, integrasse a programação. O filme sobre o jovem Che não vai à Berlinale, mas o Brasil estará representado, no Panorama, por O Outro Lado da Rua. O filme do estreante Marcos Bernstein é interpretado por Fernanda Montenegro e ambos já brilharam em Berlim como roteirista e atriz de Central do Brasil, que ganhou o Urso de Ouro de 1998. Quem acompanha os grandes festivais internacionais sabe que o grande prêmio, seja o Urso de Ouro, o Leão de Veneza ou a Palma de Cannes, é sempre a cereja do bolo e o importante, no fundo, é integrar a seleção oficial. Ken Loach, Theo Angelopoulos e Eric Rohmer participarão da disputa de Berlim, com os filmes Ae Fondo Kiss, Trilogy: The Weeping Meadow e Triple Agent. Só um deles poderá ganhar e talvez nem ganhe - os grandes nomes na maioria das vezes servem apenas de chamarizes. Os EUA apresentam a seleção mais numerosa, com oito filmes, incluindo os três que não vão concorrer: Cold Mountain, de Anthony Minghella, Lightening in a Bottle, de Antoine Fuqua, e Something´s Gotta Give, de Nancy Meyers (com Jack Nicholson e Diane Keaton). A quantidade de filmes americanos dá bem uma idéia da ligação da Berlinale com Hollywood e também não deixa de ser um espelho da dominação que os EUA exercem sobre os mercados de todo o mundo. Os filmes americanos que integram a disputa são: Before Sunset, de Richard Linklater, diretor que já ganhou o Urso de Prata por Antes do Amanhecer (Before Sunrise); Beautiful Country, de Hans Petter Molland, uma co-produção com a Noruega; Maria, Llena de Gracia, de Joshua Marston, outra co-produção, com a Colômbia; Monster, de Patty Jenkins; The Final Cut, de Omar Naim; e Desaparecidas (The Missing), de Ron Howard. A França, além dos filmes de Rohmer e Angelopoulos (co-produção com a Grécia), terá mais três títulos na competição - Confidances Trop Intimes, de Patrice Leconte; Feux Rouges, de Cédric Khan; e 25 Degrés en Hiver, uma co-produção com a Bélgica e a Espanha, que também terá um filme falado no idioma nacional em competição, La Vida Que Te Espéra, de Manuel Gutiérrez Aragón. A Inglaterra concorre com o filme de Ken Loach e o de outro cineasta importante, embora um tanto irregular, John Boorman - Country of My Skull. Vários países conseguiram emplacar apenas um filme: Primo Amore, de Matteo Garrone, representará a Itália; Daybreak, de Bjorn Runge, a Suécia; In Your Hands, de Annette K. Olesen, a Dinamarca; Samaritan Girl, de Kim Ki-duk, a Coréia; e Witnesses, de Vinko Bresan, a Croácia. A Alemanha, dona da casa, que, no ano passado, apresentou uma seleção tão bela quanto numerosa - incluindo Adeus, Lênin!, de Wolfgang Becker, em cartaz em São Paulo -, participa com apenas dois filmes, um deles em co-produção com a Turquia, Against the Wall, de Fatih Akin. O outro é Songs in the Night, de Romuald Karmaker. A Ásia teve um só filme selecionado - 20:30:40, de Sylvia Chang, uma co-produção entre Taiwan e Hong Kong. El Abrazo Partido, de Daniel Burmnan, da Argentina, terá a difícil responsabilidade de ser o único filme sul-americano da competição.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.