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Estreante mexicano conquista público

Com Japão, Carlos Reygadas, conta uma história original com estilo peculiar, que seduziu a platéia da Quinzena de Realizadores de Cannes

Por Agencia Estado
Atualização:

Japão, uma sedutora obra de estréia do jovem realizador mexicano Carlos Reygadas, conquistou o público nesta sexta-feira na Quinzena dos Realizadores do 55.º Festival de Cannes. Reygadas é um diretor de 30 anos com dois curtas-metragens na carreira (inéditos, porque seu autor os considera improjetáveis) que foi seduzido pelo cinema do russo Andrei Tarkovsky, do qual se apropriou das panorâmicas de 360 graus, do cuidado com a trilha sonora e do amor pela textura dos objetos e paredes decadentes e em ruínas. Mas as influências param aí, pois em outros aspectos Reygadas se revela um diretor totalmente original que conta a impossível história de um homem da cidade que chega a um povoado remoto para suicidar-se e termina por abraçar a causa de uma índia anciã cujo sobrinho destrói sua casa para apropriar-se das pedras com que é construída. Filmado em 16 mm e ampliado para uma tela larga de proporções hollywoodianas, Japão é uma realização que fascina e hipnotiza o espectador, que segue com atenção uma história à qual não faltam numerosos episódios secundários, nem cenas de crueldade com animais que vêm diretamente de Os Esquecidos, de Luis Buñuel. Japão já havia conquistado em janeiro o público do festival de Roterdã, na Holanda, mas, graças ao entusiasmo do produtor de Philippe Bober, que comprou os direitos internacionais do filme, Reygada pôde remontar o filme e afinar melhor as cores e o som. A cópia exibida em Cannes é, por isso, inédita, e aspira ao prêmio Caméra d´Or, destinado ao melhor filme de estreante.

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