Escola de Cinema Darcy Ribeiro sai do papel

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Por Agencia Estado
Atualização:

A BR Distribuidora assinou nesta tarde um convênio com o Instituto Brasileiro do Audiovisual para a recuperação do prédio que abrigará a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio. O Cine Odeon ficou repleto de personalidades do meio cinematográfico e representantes do governo. O antropólogo Darcy Ribeiro e a produtora Irene Ferraz, sua última mulher, idealizaram o projeto, em 1993, que só agora toma corpo com o apoio da empresa. A escola, que deve ser inaugurada em 2002, funcionará no centro da cidade, próximo aos principais centros culturais da cidade num prédio foi cedido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Irene fez um discurso emocionado agradecendo a alguns membros do conselho da nova escola que compunham a mesa do evento: o cineasta Nelson Pereira dos Santos, o ex-ministro Eliezer Batista e Rafael de Almeida Magalhães, que representava o presidente Fernando Henrique Cardoso. A instituição vai oferecer um curso regular de nível superior em cinema de 2,5 anos com habilitação para mestrado e doutorado - além de cursos de nível técnico, reciclagem, cursos abertos e seminários. "Estou muito nervosa", declarou Irene. "É um sonho de sete anos." Nelson Pereira dos Santos, convidado a falar em nome do Conselho Fundador da Escola, marcou a importância da nova instituição como um centro de cinema em seus vários níveis de conhecimento. "Esta é uma escola diferente de várias outras que eu ajudei a fundar. Vamos transformar nossa experiência em realidade, no fazer desde a produção, até a distribuição e comercialização. Para isso contaremos com o apoio de técnicos, cineastas e montadores", explicou. "Além da possibilidade de intercâmbio com várias instituições internacionais." O diretor Cacá Diegues, também membro do conselho, vê na nova proposta de formação profissional a particularidade: "A escola é perfeita porque ela quer formar técnicos, em todos os níveis, não críticos de cinema. O que na verdade era a idéia original de Darcy." Darcy Ribeiro, além de batizar a escola, foi o grande homenageado do evento. "Hoje estamos começando a concretizar um sonho do homem que mais sonhou neste País", disse Rafael de Almeida Magalhães. Irene Ferraz trouxe a idéia de Cuba, quando coordenou a área de produção de San Antonio de Los Baños. "Eu cheguei aqui fascinada com o que encontrei lá, contei a experiência ao Darcy, e resolvemos fazer algo parecido no Brasil", conta. Eles chegaram a conseguir reformar um prédio histórico, uma escola de jesuítas, em Campos, no interior do Estado. Por falta de verba e com a troca de governos, contudo, o projeto empacou. Para não mais ficar a mercê das intempéries políticas, Irene resolveu criar um instituto, uma organização que possibilitasse um sistema de convênio com o Estado. Nasceu assim o Instituto Brasileiro de Audiovisual, que pretende ser um centro de ensino técnico e teórico de todos os setores do audivisual e um espaço para circulação de idéias. A localização da escola contribui para essa circulação de conhecimento: bem em meio ao coração cultural da Cidade, em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil, próximo ao Espaço Cultural dos Correios e ao Paço Imperial. A contar pelo discurso do presidente da BR, Luiz Antonio Viana, o projeto não vai morrer depois da conclusão das obras, como no passado. "O apoio à Escola de Cinema se integra a um apoio permanente que a BR dará ao cinema brasileiro", disse Viana. A empresa investiu R$ 1,3 milhão, o que corresponde a um terço do orçamento da obra de restauração. A distribuidora já apostava alto na produção do cinema nacional, com um média de um título patrocinado por mês. Com a reforma do Cine Odeon, no centro do Rio, e a associação com o Festival do Rio BR, a atuação expandiu-se à exibição e, por fim, à formação de profissinais da área. O programa docente ainda não foi concluído e dependerá de uma série de discussões que podem ser antecipadas à conclusão do prédio. Além do curso de nível superior, a escola vai preparar profissionais em roteiro, montagem, direção e edição, cursos de reciclagem, workshops e seminários além de formar técnicos nas categorias regulamentadas: operador de câmera, maquinista, iluminador, etc. Irene Ferraz explica que num primeiro momento professores e profissionais de várias áreas ligadas ao cinema serão reunidos para discutir o currículo. Para tanto, foi montado um conselho eclético com personalidades do governo, diretores de cinema, como Walter Lima Jr. e Ruy Guerra, escritores, como Eric Nepomuceno, cientistas sociais, além da atriz Marieta Severo e do arquiteto Oscar Niemeyer. A proposta do curso superior, de mestrado e doutorado ainda não foi fechada para ser apresentada ao Ministério de Educação. Para Irene, o mais importante é criar um espaço para que todos os amantes do cinema nacional se encontrem, reflitam e pensem sobre o que fazem.

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