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Era FHC produziu 200 longas e 750 curtas

A chamada "retomada" do cinema nacional é a menina dos olhos da era FHC na área cultural. Seu último grande ato foi a criação da Agência Nacional do Cinema

Por Agencia Estado
Atualização:

O cinema foi a menina dos olhos da era Fernando Henrique Cardoso na área cultural. Depois da "tragédia que foi a passagem do sr. Ipojuca (Pontes, ministro da Cultura na gestão Collor) pelo Ministério da Cultura", na avaliação de Marco Aurélio Garcia, do PT, o governo Fernando Henrique deu sem dúvida um grande impulso para a indústria audiovisual no País. Seu último grande ato foi a criação da Agência Nacional de Cinema (Ancine), em 2001, montada com a finalidade de dar status de "política de Estado" à emergente indústria cinematográfica. Em oito anos, o governo possibilitou a realização de cerca de 200 longas e 750 curtas. Diversos desses filmes, como Carlota Joaquina, O Quatrilho e Central do Brasil passaram da casa do um milhão de espectadores, gerando nova expectativa sobre o cinema nacional. O País concorreu ao Oscar por duas vezes (Central do Brasil recebeu duas indicações) e vai tentar de novo com Cidade de Deus este ano. Segundo diagnóstico do Ministério da Cultura, essa indústria emergente, se bem gerida, pode representar fonte importante de divisas, emprego e renda. Estima-se que, no Brasil, as receitas da indústria audiovisual, em 1997, foram de cerca de US$ 5,5 bilhões, ou seja, algo como 1% do PIB - comparado com 1% na Argentina, 0,5% no México, 1,1% na Europa e 2,7% nos EUA. Em termos setoriais, a publicidade na TV (aberta e paga) respondeu por 55% do total das receitas brasileiras, as assinaturas de TV pagas por 26%, os gastos com vídeo por 12% e o cinema por 6,5%. Além disso, nesse mesmo ano, o setor gerou R$ 40 milhões de exportação e R$ 606 milhões de importação. Por fim, o setor emprega cerca de 20 mil pessoas (MRC 1998). Mas o PT chegou ao poder criticando os vícios criados pelas duas leis que, combinadas, deram sustentação à "retomada" do cinema nacional: Lei do Audiovisual e Lei Rouanet. Uma dessas críticas é estética: a abordagem puramente industrial sufoca a experimentação, o novo. O novo governo preconiza "uma política cultural que promova também uma disseminação de valores estéticos, novas formas de apreciação, de gosto, que estimula uma maior liberdade estética", segundo avaliou Marco Aurélio Garcia, em seminário antes do segundo turno, em São Paulo. "As limitações e a capacidade de concentração da lei causaram distorções, como essa das empresas privadas que criam institutos para enriquecer seu patrimônio." Em 2002, os filmes brasileiros não causaram mais a mesma corrida aos cinemas do passado, mas continuaram fazendo boa carreira. Em 2001, filmes como Tainá (800 mil espectadores), Bicho de Sete Cabeças (600 mil) e A Partilha (um milhão) foram os maiores chamarizes. Este ano, foi a vez de Abril Despedaçado, de Walter Salles (mais de 300 mil espectadores), O Invasor (mais de 100 mil pessoas viram) e Cidade de Deus (ainda em exibição). Espera-se também boa carreira para Deus É Brasileiro , de Cacá Diegues, e A Paixão de Jacobina, de Fábio Barreto. Uma outra boa notícia para o cinema na Era Lula, que se inicia, foi a aprovação, na semana passada, pela Câmara Municipal de São Paulo, da Fundação Cinema de São Paulo (Cecim), que vai destinar recursos de cerca de R$ 6 milhões por ano para o setor. Cria fontes alternativas e desafoga a grande responsabilidade pelo setor, até agora quase exclusiva do governo federal e da Riofilme.

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