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"Episódio 2" chega em vídeo e DVD

Chega nesta quinta às lojas e locadoras Star Wars Episódio 2 - O Ataque dos Clones. O DVD traz um documentário sobre a evolução do mestre jedi Yoda, personagem que carrega a história dos efeitos especiais nos últimos 20 anos

Por Agencia Estado
Atualização:

Nenhum personagem define melhor a (r)evolução dos efeitos especiais no cinema americano dos últimos 20 anos do que Yoda, da série Star Wars. Quando Yoda surgiu pela primeira vez na tela, em 1980 - no filme O Império Contra-Ataca -, era um boneco manipulado por atores, como se fosse um fantoche. Foi assim que Yoda entrou no imaginário dos milhões de fãs da saga estelar de George Lucas, ensinando que era possível mover o mundo só com a força da imaginação. Agora, 22 anos depois, Yoda foi inteiramente criado no computador em Star Wars Episódio 2 - O Ataque dos Clones. "Ele só existe como ser virtual", diz o diretor de animação Rob Coleman, da Industrial Light & Magic, a empresa que Lucas criou para fornecer tecnologia de ponta à máquina de sonhos do cinema. O Ataque dos Clones chega nesta quinta às lojas de todo o País. O lançamento é simultâneo em vídeo e DVD. O disco digital é duplo e cheio de extras, contando tudo sobre os efeitos imaginados por Lucas e executados por um batalhão de técnicos. Oito cenas excluídas da versão lançada nos cinemas são mostradas em detalhes e há um documentário muito interessante que focaliza justamente a evolução de Yoda do fantoche para os pixels da era digital. Yoda é a menina dos olhos de Coleman. "Dispensamos até o motion capture", ele diz, referindo-se à técnica que consiste em usar um ator como base para os movimentos do personagem que é escaneado no computador. Peter Jackson usa o recurso em Senhor dos Anéis 2 - As Duas Torres para mostrar uma figura cuja participação cresce bastante na série - aquele serzinho monstruoso de quem o anel é roubado para ir parar na mão de Frodo. "Yoda é uma das criações mais extraordinárias da Industrial Light & Magic", diz Coleman. "Pode-se, hoje em dia, fazer não importa o quê, com tecnologia de ponta, desde que se tenha tempo e dinheiro." Romance - Dinheiro, muito dinheiro. E tempo, muito tempo. Das duas horas e meia de duração de O Ataque dos Clones cerca de duas horas apresentam algum tipo de efeito. Pode ser desde a virtualidade de Yoda até o recurso, hoje em dia mais fácil, do fundo azul no qual se pode reproduzir qualquer tipo de cenário. Isso ocorre, por exemplo, nas cenas do Coliseu em Gladiador, de Ridley Scott, e nas próprias cenas em que Yoga aparece com as demais figuras de O Ataque dos Clones - os personagens de Samuel L. Jackson e de Natalie Portman, entre outros. Tudo isso consumiu muitas horas de pesquisa e execução. Por ´muitas´, você não deve entender dezenas nem centenas de horas. São milhares de horas de computação gráfica, envolvendo equipes numerosas. Neste dia em que conversa pelo telefone com a reportagem, Coleman está "pretty excited". Pela diferença de horário, é o fim da manhã em Los Angeles e daqui a pouco ele se reúne com George Lucas para ver os primeiros esboços dos personagens e cenários de Star Wars Episódio 3, que será rodado no ano que vem, para lançamento em 2004. Episódio 2 foi exibido fora de concurso no Festival de Cannes, em maio. Passou no mesmo dia em que o filme estreava nos EUA. Jornalistas de todo o mundo vibraram como crianças na cena em que o pequenino Yoda empunha sua espada a laser para enfrentar o vilão interpretado por Christopher Lee. O filme tem ação e humor. Tem romance - o amor contra-ataca nas estrelas quando o jovem Annakin Skywalker, amargurado pela perda da mãe e pelo sentimento de culpa, refugia-se no amor por Amidala. É uma linda (e triste) história de amor. Não desagradaria ao rei do melodrama, o próprio Douglas Sirk. Coleman lembra a origem da Industrial & Light Magic. "Quando George começou a série dele, em 1977, não havia tecnologia para tornar viável, na tela, a saga que ele queria contar; foi preciso desenvolver e aperfeiçoar toda uma concepção de efeitos que terminou mudando a própria indústria", ele avalia. Os efeitos da segunda trilogia, que na verdade será a primeira, quando a saga estiver completa, exigiram ainda mais efeitos, ainda mais pequisa. Coleman diz que acredita na diversidade, que o cinema não pode nem deve ser só efeitos especiais. Acrescenta que gosta de filmes pequenos, intimistas, centrados em personagens verdadeiros, mas não adianta pedir que ele cite um desses filmes. Lembra-se ´daquele´ que passou no Festival de Sundance, mas o título não vem. Em compensação, fala bastante sobre efeitos, sobre as novas câmeras digitais pesadas que Lucas desenvolveu para fazer Star Wars Episódios 1 e 2. "O digital é uma grande ferramenta para quem trabalha com efeitos", afirma. Oscar - Aos 37 anos, Coleman já é considerado fera na sua especialidade. Começou com O Máskara e, nestes nove anos seu prestígio na indústria não fez senão aumentar. Foi indicado para o Oscar por Star Wars Episódio 1 - A Ameaça Fantasma, espera sê-lo de novo por O Ataque dos Clones - mas diz que, de acordo com a superstição de Hollywood, é bom não ficar falando sobre isso. O repórter, querendo comentar o avanço da tecnologia de ponta no cinema americano, lembra que Fúria de Titãs, de Desmond Davis, de 1981, acaba de ser lançado em DVD no País. "Ah, sim, Ray Harryhausen", Coleman percebe imediatamente sobre o que o repórter quer falar. "Ray foi um dos gigantes dos efeitos especiais e criou tudo aquilo sem o suporte do avanço tecnológico que facilita nossa vida." Os monstros de Harryhausen preencheram sua infância e juventude e Coleman diz que, nas cenas de arena em O Ataque dos Clones, Lucas presta várias homenagens ao gênio do velho animador. "Muitos daqueles monstros bizarros são citações de Ray", ele diz. Acrescenta que ele próprio foi mostrar a cópia de O Ataque dos Clones a Harryhausen. "Ray está muito lúcido e cheio de entusiasmo; não compreende como conseguimos criar todas essas coisas no computador, mas diz que é tudo tão bem-feito que ele gosta de embarcar na fantasia, como qualquer espectador. Sem ele como pioneiro, os efeitos não teriam chegado ao estágio atual em Hollywood. Mas a diferença que separa nossas gerações é aquela que vai da ordem mecânica das coisas até o computador hoje instalado em quase todas as casas. Quando a garotada atual chegar a Hollywood, você vai ver - os nossos efeitos parecerão com os de Ray. Isso é, eu espero que sejam, porque Ray é bom demais." Star Wars Episódio 2 - O Ataque dos Clones - EUA, 2002. Lançamento em vídeo e DVD da Fox Home Vídeo. Amanhã nas lojas. DVD, preço sugerido, R$ 49,90

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