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ENTREVISTA-Redford nega que 'Leões e Cordeiros' seja 'liberal'

Por BOB TOURTELLOTTE
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Em mais de 40 anos de carreira, o ator Robert Redford já foi muitas coisas: protagonista, diretor premiado com o Oscar (por "Gente Como a Gente") e fundador do Festival de Cinema Sundance. Aos 71 anos, ele retorna aos cinemas nesta sexta-feira como ator e diretor de "Leões e Cordeiros", que utiliza o conflito atual no Afeganistão como pano de fundo para analisar a ausência de envolvimento cívico dos cidadãos americanos. O filme também fala do tratamento dado pela mídia às matérias sobre a guerra e as motivações dos políticos norte-americanos. Tom Cruise faz um senador em favor da guerra, Meryl Streep, uma jornalista, e Redford, um professor universitário que procura ajudar um estudante desiludido. O filme já foi rotulado como liberal por comentaristas conservadores, algo que Redford contesta. Ele tirou alguns minutos com a Reuters para responder a perguntas sobre "Leões e Cordeiros". PERGUNTA: Sua carreira é longa, mas você só dirigiu sete filmes. Que temas um roteiro precisa tratar para fazer você sentir vontade de dirigir, em lugar de ser apenas ator ou produtor? RESPOSTA: Meu interesse é nos EUA e sua vida interna. Falei da vida familiar em "Gente Como a Gente", em entretenimento com "Quiz Show -- A Verdade dos Bastidores", em esportes com "Um Homem Fora de Série" e "Os Amantes do Perigo" e em política com "O Candidato" e "Leões e Cordeiros". O que permeia tudo isso é a vida americana e seus diferentes aspectos, criticamente e positivamente. P: Antes mesmo de chegar aos cinemas, "Leões e Cordeiros" já foi rotulado de filme "liberal". P: Para começo de conversa, isso não é verdade. Se você já viu o filme, sabe que todos os pontos de vista são expressos. É muito previsível, mas isso é parte do que está errado nos EUA -- idéias pré-estabelecidas, antes mesmo de se saber alguma coisa. Me rotular de liberal? Me mostre os filmes em que isso é verdade. "Todos os Homens do Presidente" tratou de fatos. Falou do trabalho duro feito por jornalistas. "O Candidato" foi sobre como elegemos pessoas neste país, e não foi nem de esquerda nem de direita. "Butch Cassidy" é sobre foras-da-lei, apenas. P: Você disse que quer que o filme desafie as pessoas. Por que? R: Isso se deve a mim, a meu papel na sociedade e ao quê posso fazer para ajudar meu país, com o qual me importo muito. Posso provocar reflexões sobre onde estamos e a responsabilidade de promover mudanças. A moralidade quase desapareceu. Mentir é tratado como ponto político positivo. Jogar com a carta do medo é uma estratégia, e isso não é saudável. Como artista, tudo o que posso fazer é lançar um olhar intransigente sobre uma parte da vida americana e dizer "o que é isso?" P: Você já disse no passado que os filmes de Hollywood são seguros e que não se fazem filmes arriscados em Hollywood. Como "Leões e Cordeiros" se encaixa nisso? R: Como o mercado juvenil ficou tão forte e como Hollywood seguiu o mercado juvenil, os filmes se tornaram mais jovens, porque era isso que agradava às pessoas mais jovens. Filmes com distribuição ampla são menos arriscados que filmes que lhe pedem para refletir ou analisar a vida americana. P: Você percorreu faculdades para divulgar o filme. Encontrou aquele clima de apatia? R: Seria realmente fazer premissas em preto e branco sobre nossa sociedade. Seria um equívoco dizer que toda a mídia cometeu erros, que o público inteiro ficou adormecido, que todos os estudantes estavam apáticos, que todos os políticos são maus. Tive curiosidade real em levar o filme às faculdades, e me senti muito encorajado com o feedback que recebi. O filme pareceu dinamizar o debate.

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