Em A Mãe, Marcélia Cartaxo interpreta uma migrante nordestina que trabalha como camelô no Centrão. Desesperada em busca do filho desaparecido, ela vai ao traficante da região, que lhe informa que o garoto foi morto pela polícia. Marcélia conversou com o Estado sobre o filme e sua carreira.
Desde o prêmio em Berlim por A Hora da Estrela, de 1985, é sua melhor fase no cinema, concorda? Está sendo muito bom. No ano passado, Pacarrete ganhou todos aqueles prêmios em Gramado, estou filmando com o Cristiano (Burlan) um filme que ele escreveu para mim, olha que chique. Tudo isso é estimulante, estou feliz.
O que esse papel traz para você? É uma tragédia brasileira. Da pobreza, da periferia, onde o Estado mata sem dó. As estatísticas apontam para esse número absurdo de jovens negros e pobres que são abatidos pela polícia. É um horror, e é bom que o cinema nos permita refletir sobre isso.
Não poder enterrar o filho é a tragédia de sua personagem...
... É a tragédia de incontáveis mães, porque o triste dessa história é que é real.
E a TV?
Me decepcionei. Cansei de fazer doméstica. Nada contra, mas são personagens que, na maioria das vezes, não contam na ficção, num estilo naturalista de interpretação que também não exige muito. Só volto se for coisa boa.