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Encontro põe cinema paulista em pauta

Por Agencia Estado
Atualização:

Importantes lideranças do cinema brasileiro estarão, a partir de amanhã, em São Paulo para o Encontro do Cinema Paulista. Algumas delas participam das mesas que vão ocorrer até domingo, para discussão e encaminhamento de propostas. Outras vêm apenas para prestigiar a realização do evento que termina na segunda-feira à noite, com a divulgação de um documento. Sua participação é bem-vinda, mas o encontro do cinema paulista, como diz o nome, é o primeiro, em muito tempo, realizado pela classe cinematográfica no Estado para discutir sua relação com o poder público. O cinema nacional, com certeza, estará em pauta, neste momento tão especial. Mas o foco estará no cinema de São Paulo. Assunção Hernandez é a produtora dos filmes de João Batista de Andrade e Suzana Amaral. Tem currículo de qualidade e fama de batalhadora. Como presidente do Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo, responderá, por meio da sua instituição, pela coordenação do encontro, mas a lista de entidades que participam é muito mais ampla. Engloba todo mundo que faz cinema em São Paulo: a Associação Paulista de Cineastas, a Associação Brasileira de Documentaristas/SP, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo, o Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual, a Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema, o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, a Associação Brasileira de Diretores de Filmes Publicitários e a Associação Brasileira das Empresas Produtoras de Obras Audiovisuais Publicitárias. Para Assunção, é importante citar todas essas entidades por dois motivos: para destacar a legitimidade que pretende ser esse encontro, reunindo toda a categoria, e também para ressaltar sua transparência. O cinema paulista quer discutir às claras seus problemas, suas reivindicações. O encontro, que será realizado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, é aberto ao público. Haverá inscrições para os grupos de trabalho, no sábado e domingo, mas elas serão feitas no local, sem necessidade de cadastramento prévio. O que esse encontro pretende é estabelecer reflexões e proposições para uma política pública de fomento ao cinema no Estado de São Paulo. "Queremos discutir nossa relação com o poder público, nas duas instâncias, a municipal e a estadual", explica Assunção. O Estado de São Paulo possui a fama, certamente justificada, de ser a locomotiva do Brasil. É o Estado mais rico da Federação. O próprio município de São Paulo possui um orçamento superior ao da maioria de Estados do País. Por tudo isso, a classe cinematográfica paulista quer estreitar o canal de comunicação com o poder público. Quer o diálogo como alavanca para levar às autoridades municipais e estaduais, e não apenas da área de cultura, suas propostas para o desenvolvimento e consolidação da atividade cinematográfica no Estado. Antes mesmo da instalação do evento, às 21 horas, no Auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa, ocorrerá à tarde, no mesmo local, das 16 às 19 horas, uma atividade integrada. O painel Distribuição e Exibição, com coordenação de Alain Fresnot, pretende discutir a situação do mercado de cinema no Brasil. Participarão da mesa: a produtora Sara Silveira, de Bicho de Sete Cabeças, o diretor Gustavo Dahl, presidente do Congresso do Cinema Brasileiro, o distribuidor Rodrigo Saturnino Braga, executivo da Columbia Pictures do Brasil, o distribuidor Bruno Wainer e o exibidor e distribuidor Adhemar de Oliveira, leia-se Espaço Unibanco de Cinema, Unibanco Arteplex e Mais Filmes, que realiza um importante trabalho no suporte ao segmento mais alternativo, de arte. Fresnot, que produziu Castelo Rá-Tim-Bum e conclui atualmente Desmundo, que ele próprio dirige, acha esse painel fundamental. Por meio das leis de incentivo, o Brasil criou mecanismos para quem quer levantar recursos para a realização de filmes. Mas isso não resolve os problemas da exibição e, principalmente, da distribuição, num mercado formatado para o produto estrangeiro. Entenda-se por isso o cinema de Hollywood. O cinema brasileiro é estrangeiro na própria casa. Também Assunção acha que o debate sobre o cinema brasileiro, hoje, mais do que nunca, ultrapassa a área do Ministério da Cultura, ao qual está tradicionalmente ligado, e procura integrar os Ministérios do Desenvolvimento e da Indústria e do Comércio. O encontro em São Paulo ocorre sob o impacto da recente medida provisória que estabelece uma política para o cinema brasileiro. "Tudo o que for discutido aqui terá de levar em conta a medida e o que ela propõe e estabelece", diz Assunção. Ela acha que o cinema brasileiro não pode continuar dependendo só do heróico esforço de distribuição da prefeitura do Rio, por meio da Riofilme. "Discutir a criação de uma distribuidora em São Paulo e propostas como a da Fundacine, no Rio Grande do Sul, só pode enriquecer nosso processo."

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