Encerrada mostra oficial do Festival de Cannes

Three Time, de Taiwan; The Three Burials of Melquíades Estrada, dos EUA; e Keuk Jang Jeon, da Coréia do Sul, foram os últimos exibidos

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Por Agencia Estado
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Três filmes dos Estados Unidos, Coréia do Sul e Taiwan fecharam nesta sexta-feira a mostra competitiva oficial da 58ª edição do Festival de Cannes. O mais interessante deles foi Three Time, de Hou Hsiao Hsien, três histórias de amor potentes e delicadas ao mesmo tempo, apoiadas em uma magnífica fotografia. O diretor quis contar três histórias românticas que se desenvolvessem em três épocas diferentes, 1966, 1911 e 2005. Em todas elas, inclusive na última, as lembranças têm uma importância destacada. "Nossas vidas estão cheias de fragmentos de lembranças", disse, após a exibição, Hou Hsiao Hsien. "Muitas vezes não podemos mencioná-los, nem classificá-los nem costumam ter uma grande importância. Mas estão inscritos em nossa memória e são inalteráveis". Em princípio, esta produção seria filmada por três diretores, um para cada episódio. O governo de Taiwan queria apoiar o filme, mas ficou complicado conseguir o financiamento para um longa-metragem feito por três diretores. Portanto, finalmente, Hou Hsiao Hsien decidiu fazê-la sozinho. Nascido em 1947 na China, Hou Hsiao Hsien mudou-se para Taiwan com sua família. Em 1980 iniciou seu carreira no cinema com Cute Girls. Esta é a sexta vez que é selecionado em Cannes, onde apresentou Daughter of the Nile em 1987; The Puppetmaster, que obteve o Prêmio Especial do Júri em 1993; Good Men, Good Women, em 1995; Goodbye South, Goodbye, em 1996 e Flowers of Xangai, em 1998. O filme americano The Three Burials of Melquíades Estrada, dirigido e protagonizado por Tommy Lee Jones, narra de modo consistente e sólido a história de uma vingança. A única concessão à originalidade nessa fita de assunto tradicional é dada porque o passado, o futuro e o presente se misturam no filme e o desenvolvimento dos fatos se apresenta através dos distintos pontos de vista dos protagonistas. O filme baseia-se em uma história real: o assassinato involuntário de um trabalhador clandestino mexicano cometido por um guarda de fronteiras americano na divisa entre o oeste do Texas e o norte de Chihuahua. Os companheiros do homicida tentam de ocultar o fato e mandam enterrar o mais rápido possível o cadáver. Mas um amigo do morto começará a fazer indagações por sua conta. O roteiro é do mexicano Guillermo Arriaga, que com sutileza mostra as diferentes linguagens e formas de conceber o mundo dos habitantes dessas regiões. Jones disse, após a projeção de seu filme, que ele tinha tentado mostrar os problemas sociais que existem entre os habitantes do Sul e do Norte do rio Grande: "As injustiças, glórias, misérias, redenções e maravilhas que podem ser encontradas entre essas pessoas". A terceira fita que concorreu hoje pela Palma de Ouro, foi a sul-coreana Keuk Jang Jeon, de Jong Sansoo. Trata-se de uma produção de pouco impacto, por momentos simples, cujo eixo dramático é a história de dois homens e uma mulher que se afastam e aproximam. Os protagonistas do longa, ambientado em Seul, parecem enfrentar um jogo de espelhos que terminam por mostrar suas características mais ocultas. Tudo isso não está definido claramente e a ambigüidade termina por tingir todo o longa-metragem, tirando dele força e verossimilhança.

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