Em pauta, o boom do documentário

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema promove encontro no Rio com debates e ciclo de filmes, da década de 1960 aos dias atuais

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema (Socine) inaugura amanhã, no Rio, seu quinto Encontro Nacional, com exibição e debate do documentário Edifício Master, de Eduardo Coutinho. Até a próxima quarta, a Universidade Federal Fluminense, sede do encontro, exibirá a mostra Documentário Brasileiro. Para comemorar o boom do gênero, a Socine vai exibir, no Cine Arte UFF, 22 documentários das décadas de 60, 70, 80 e dos dias de hoje. Coutinho, o mais respeitado documentarista brasileiro, atuará como debatedor de Opinião Pública (1967), de Arnaldo Jabor, já que este filme guarda proximidade temática com Edifício Master (a classe média que vive na zona sul carioca). No momento em que dois documentários - Surf Adventures (201 mil espectadores) e Janela da Alma (135 mil) -- integram a lista das dez maiores bilheterias brasileiras do ano, a Socine homenageia e aprofunda-se no estudo do gênero. Ismail Xavier, professor da USP, avaliará o tema "Na Contramão do Ressentimento - Personagens do Documentário Brasileiro Recente em Comparação com Personagens de Ficção". Em pauta, filmes como Ônibus 174, de José Padilha, e a produção de Coutinho, o onipresente (Santo Forte, Babilônia 2000 e Edifício Master). Consuelo Lins, da UFF, refletirá sobre o tema "A Classe Média Vai ao Paraíso" (Opinião Pública/ Retrato de Classe/ Edifício Master). E Newton Cannito, da revista Sinopse, avaliará O Caso Norte, de João Batista, como "alternativa estética ao documentário televisivo". A programação do Encontro Nacional da Socine é extensa. Serão apresentadas 16 mesas temáticas, uma centena de comunicações sobre cinema internacional e brasileiro e lançamento de livros. O cinema de ficção - nacional e estrangeiro - também está em pauta. Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, o maior sucesso brasileiro da temporada (3 milhões de espectadores), será tema de duas palestras. E Ivana Bentes, professora da UFRJ, que prepara livro sobre o tema Sertão e Favela: Da Estética à Cosmética da Fome, analisará "Os Novos Sujeitos do Discurso no Cinema Brasileiro Contemporâneo". João Luiz Vieira, da UFF, avaliará "Os Usos do Brasil na Globalização: Michael Jackson e o Corpo Transnacional". Esther Hamburger, da USP, fechará o bloco com o tema "Inclusão e Exclusão: a Política das Representações na Mídia em uma Favela Paulistana". Um pesquisador - dos mais especiais, pois é também cineasta (Sinfonia & Cacofonia), roteirista (Através da Janela) e ficcionista (A Doença, Uma Experiência) - se tornará objeto de estudo da Socine. Ele é Jean-Claude Bernardet, belga-franco-paulista, professor da USP e figura seminal na história do cinema brasileiro. A ele, a Socine dedicará a mesa-redonda Militância Crítica e Práxis Cinematográfica. O pesquisador Afrânio Catani avaliará "A Trajetória Crítica de J.C. Bernardet". Luiz Felipe Miranda, por sua vez, analisará "A Prática Cinematográfica de um Ensaísta". Mariarosaria Fabris, professora da USP e presidente da Socine, completará o painel com a palestra "Vendo e Revendo o Neo-Realismo". Jovens cineastas (como Edgard Navarro, Tata Amaral, Jorge Furtado e Carlos Gerbase) terão suas obras analisadas. O baiano Edgard motivará a palestra "Navarro: A Força do Caos" (por Marcos da Cruz). Tata e seu filme de estréia motivam duas palestras: "O Off em Um Céu de Estrelas: a Produção de Sentidos pela Exclusão" (Geisa Rodrigues) e "Estudo de um Rosto em Um Céu de Estrelas" (Márcia da Silva). O gaúcho Furtado terá seu primeiro longa, Houve Uma Vez Dois Verões, analisado pelo prisma do "Dialogismo Intertextual" (por Maricéia Benetti). E Gerbase, também gaúcho, é tema de estudo de Humberto Keske ("A Cooperação do Leitor-Modelo na Construção do Filme Tolerância"). A obra singular (em especial Cabaré Mineiro) do veterano Carlos Prates Corrêa, será reavaliada por Antônio Paiva Filho em "A Marujada Surreal", "Safada" e "Alterosa do Capitão Prates".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.