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Em Paris, festival de cinema brasileiro chega à quarta edição

De hoje até terça-feira os franceses verão oito longas e dez curtas, começando com Garrincha, Alegria do Povo e prosseguindo com lançamentos recentes como Lavoura Arcaica

Por Agencia Estado
Atualização:

Há 18 anos Kátia Adler reside na França. Foi fazer o curso de cinema na Universidade de Paris. Ficou por lá, fazendo documentários para cinema e TV. Há quatro anos, deu o maior banzo em Kátia. A saudade do Brasil levou-a a criar a Jangada, uma organização não-governamental (ong) cujo objetivo é fazer a divulgação do Brasil cultural na França. Todos os meses a Jangada promove um evento. A pérola dessa programação é o Festival do Cinema Brasileiro de Paris. Já é o quarto. Começa nesta quarta-feira e vai até terça-feira, exibindo oito longas e dez curtas. Kátia destaca as principais novidades desta edição do evento que organiza (e por cuja programação é responsável). "Estamos trocando de endereço: o festival ocorre agora no cinema Arlequin, na Rua de Rennes, em Montparnasse, que é muito prestigiado aqui." Em parceria com o Grupo Novo de Cinema, de Tarciso Vidigal, o Festival do Cinema Brasileiro de Paris também será sede pela primeira vez de um mercado de filmes. "Vamos fazer sessões diárias para exibidores e distribuidores; a idéia é usar o festival como vitrine para promover a produção brasileira na França." Pela primeira vez, ela anuncia que foram realizadas sessões prévias dos filmes que compõem a programação para os críticos. Dessa maneira, espera que o festival alcance maior repercussão na mídia. No ano passado, cerca de 5 mil espectadores assistiram aos filmes. A freqüência ficou assim distribuída: 70% de franceses, 20% de brasileiros e 10% para o público de outras nacionalidades. Aproveitando que se trata de um ano de Copa do Mundo, o festival exibe uma mostra especial de curtas e longas sobre futebol. É no contexto dessa mostra paralela que ocorre a noitada Cahiers du Cinéma. A mais famosa revista de cinema do mundo associou-se ao evento, escolhendo justamente um filme sobre futebol para exibir na noite de sábado. A redação de Cahiers optou por Garrincha, Alegria do Povo, o documentário de Joaquim Pedro de Andrade sobre o Mané de pernas tortas que nasceu em Pau Grande e encantou o mundo, na Copa do Chile, com a habilidade de suas jogadas. Um dos integrantes do conselho de redação da revista comanda o debate, após a sessão. Kátia espera que a participação da revista seja decisiva para a cobertura crítica do evento que programa. Ela esperava abrir o festival com Abril Despedaçado, de Walter Salles. O filme que Waltinho adaptou do romance de Ismail Kadaré ficou para maio e o programa de abertura passou a ser O Xangô de Baker Street, de Miguel Faria Jr., baseado no best seller de Jô Soares. Ausente o diretor, a apresentação ficará por conta do produtor Bruno Stropiana, que terá a companhia da atriz Maria de Medeiros. Kátia destaca: "Em todos os filmes da programação, temos sempre alguém para debater com o público. O diálogo é fundamental para o que nos propomos, que é justamente trazer a voz do artista brasileiro para o público francês." Esses debates vão além dos meros encontros. Organizados em colaboração com universidades francesas e brasileiras (USP, UFF, UFRJ, Unicamp, Sorbonne), têm como principal tema da pauta deste ano a exceção cultural vista pelos diretores do Brasil. Inaugurado com Xangô, o festival vai exibir oito longas em competição. Votados pelo público, vão concorrer a prêmios em material e serviços, oferecidos pela empresa especializada Casablanca. Kátia destaca duas parcerias decisivas: a da subprefeitura do 8.º Arrondissement de Paris e a da BR Distribuidora. O Ministério da Cultura (MinC) também participa, contribuindo principalmente com as cópias novas dos filmes. As que não são legendadas em francês ganham legendas eletrônicas na hora. Concorrem ao prêmio do público: O Invasor, de Beto Brant, Copacabana, de Carla Camurati, Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho, Domésticas, de Fernando Meirelles e Nando Olival, Bufo & Spallanzani, de Flávio Tambellini, Caramuru, de Guel Arraes, Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho, e Onde a Terra Acaba, de Sérgio Machado. Entre os eventos paralelos estão a mostra de curtas, que vai exibir, entre outros, Meu Compadre Zé Kétti, de Nelson Pereira dos Santos, e Três Minutos, de Ana Luiza Azevedo; o programa mirim, dedicado a espectadores na faixa de 7 a 14 anos, com a exibição de Tainá - Uma Aventura na Amazônia, de Tânia Lamarca e Sérgio Bloch; e a homenagem a Jorge Amado, com a exibição de Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, na versão restaurada, e o documentário Jorjamado no Cinema, de Glauber Rocha.

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