
26 de agosto de 2020 | 07h58
O título promete: Made in Italy. Mas não é tão empolgante. Tem um belo cenário (incluindo as indispensáveis árvores de ciprestes) e uma vila pela qual todo mundo anseia, mesmo estando tão dilapidada. Mas para um filme que aparentemente tem como objetivo nos arrancar do sofá e nos colocar numa paisagem de sonho repleta de verde, esta fantasia lânguida de James D’Arcy não cumpre o seu papel.
Mas temos Liam Neeson, o que é um grande consolo no caso desse roteiro previsível e extremamente trivial. Neeson interpreta Robert, um artista mal-humorado cuja produção criatividade ficou paralisada quando sua mulher faleceu muitos anos antes. Seu filho adulto, Jack (Micheal Richardson, que é realmente filho de Neeson) está à beira de um divórcio que o deixará desempregado, a não ser que ele compre a galeria de arte em Londres que ele administra. A venda da vila abandonada da família na Toscana propiciaria o dinheiro necessário - desde que extirpada das muitas lembranças tristes e as dores que ainda persistem.
Este clima emotivo toma conta de Made in Italy, com os ecos nostálgicos da perda, em 2009, de Natasha Richardson, mulher de Neeson e mãe de Micheal Richardson. Mas os dois atores lutam para validar aqueles momentos que deveriam ser os mais comoventes do filme. Assim, embora esperemos pela inevitável cura das dores e o vínculo afetivo, nos entretemos com os empecilhos à possibilidade de a diplomática corretora de imóveis (a maravilhosa Lindsay Duncan) se apaixonar pelo desalinhado Robert e o mural vermelho-sangue massacrado. Ou que a bela proprietária de um restaurante local (Valeria Bilello) sirva a sobremesa de Jack depois de ele terminar seu ragu.
Em outras palavras, Made in Italy é tão óbvio que até nós poderíamos tê-lo escrito. Filme estreou em julho no streaming dos EUA, ainda sem data para chegar aqui. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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