A genialidade do cineasta Charles Chaplin ofuscou seu talento para a música, que ele considerava complemento da cena, seja no teatro, onde estreou aos 5 anos, cantando e fazendo graça no cinema, cuja linguagem ajudou a inventar. Mesmo assim, algumas composições suas, como Smile, Secret in Your Eyes e Fox Trot são clássicos com milhares de versões. Para mostrar que o criador de Carlitos era também um grande músico, três pianistas e arranjadores brasileiros, Gilson Peranzetta, João Carlos Assis Brasil e Leandro Braga, gravaram o disco A Música de Chaplin, que será lançado hoje, na Sala Cecília Meireles. O disco nasceu de um show realizado no Sesc do Rio, no fim do ano passado, quando o produtor Marcos Souza quis lembrar Chaplin nos 25 anos de sua morte. "Tocar Chaplin é um desafio porque suas músicas são muito ricas e bonitas", explica Assis Brasil, que fecha o CD com a Suite Chaplin. Leandro Braga abre o disco com trilhas de filmes: O Balé dos Pãezinhos, de Em Busca do Ouro; Segredos nos Seus olhos, de Vida de Cachorro, e Non Sense Song, de Tempos Modernos. Já Peranzetta foi por outro caminho. "O jeito foi recriar, esquecendo a cena em que cada música foi tocada", diz ele, que fez versões personalíssimas de outras seis músicas. A intimidade de Chaplin com a música vinha do berço e em Minha Vida ele conta que sonhou ser concertista e estudou violino. Desistiu aos 20 anos, mas chegou a receber elogios de Claude Debussy ao qual não deu atenção porque não sabia de quem se tratava. O lançamento de A Música de Chaplin coincide com a chegada às locadoras do segundo volume da Coleção Charles Chaplin, da Warner. Reúne, em DVDs, três filmes restaurados - O Circo, de 1928; Luzes da Cidade, de 1931; e Monsieur Verdoux, de 1947 -, mais o documentário Charlie, a Vida e a Obra de Charles Chaplin, do crítico Richard Schickel.