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Efeitos especiais foram criados fora do Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

Em mais de 40 anos de carreira, o cineasta Carlos Diegues jamais desfrutou de tantas vantagens tecnológicas - quando estava no interior do Tocantins, rodando cenas de Deus É Brasileiro, ele recebia via satélite as imagens que havia filmado poucos dias antes. "Assim, mesmo distante vários quilômetros dos grandes centros, eu pude acompanhar o processo de perto, pois via o trabalho pronto", conta o diretor. O processo envolveu uma complicada operação logística, que começava com o cineasta enviando o rolo de filme gravado por avião para a TeleImage, co-produtora do longa e uma das mais bem equipadas empresas de efeitos tecnológicos. Em São Paulo, o negativo era revelado, em seguida era feita a telecinagem, o sincronismo até que as cenas finalmente eram enviadas, por satélite, até o diretor, que as captava por meio de um aparelho munido de uma pequena antena parabólica. "Cerca de 36 horas depois de despachar o material, o Cacá já podia ver como ficou o resultado", conta Marcelo Siqueira, supervisor de pós-produção e efeitos digitais da TeleImage. "Pelo sistema normal, no qual o copião voltaria de carro, avião ou qualquer outro meio, o set e a equipe teriam de ficar mobilizados, esperando pelo menos o dobro desse tempo." Como boa parte do filme foi rodada no interior do País, a pré-produção foi decisiva tanto para o planejamento da filmagem como para a preparação dos efeitos especiais. Para isso, além da preparação de detalhados story-boards (desenhos que mostram como serão feitas as cenas), Diegues contou com a presença de Siqueira nas cenas mais complicadas. Uma deles acontece logo no início do filme, quando Deus (Antônio Fagundes) apresenta-se a Taoca (Wagner Moura). A fim de demonstrar seus poderes, Deus faz com que peixes saiam da água e "ataquem" o rapaz. Como a cena utiliza animação computadorizada em 3D, os peixes são modelos digitais, construídos a partir de texturas filmadas de peixes reais. Assim, Moura foi orientado por Siqueira sobre os movimentos que deveria fazer, simulando o ataque. Outro momento que exigiu horas de trabalho para que o resultado fosse satisfatório é a cena final, quando Taoca está abraçado a Madá (Paloma Duarte), dentro do bote. A câmera, que os focaliza a partir do céu, vai subindo em movimentos levemente circulares. "Subiu até uma altura de três metros; o restante, foi inserido por computador", conta Patrick Siaretta que, ao lado de Siqueira, foi responsável pela criação dos principais efeitos. O resultado é uma das mais belas cenas do filme: à medida que sobe, a câmera revela a canoa em que se encontra o casal até descortinar toda a foz do rio, em sincronia com a música Melodia Sentimental, de Villa-Lobos, interpretada por Djavan. O plano, de dois minutos e meio, foi executado em estúdio com a canoa sobre um chão "cromado", que depois foi substituído pela imagem do rio. O tom poético veio com os peixes pulando sobre o casal, além da imagem da lua, que reflete justamente sobre a canoa - tudo criado pelos artistas da TeleImage e processado em um grande computador chamado de Inferno.

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