Efeito especial tira alma do cinema, diz 'robô' de 'Star Wars'

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Por FERNANDA EZABELLA
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A avalanche de efeitos especiais que dominam as grandes produções de Hollywood está tirando a alma dos filmes, acredita o ator que fez por 30 anos o famoso robô C-3PO da série "Star Wars", Anthony Daniels. O ator britânico está em São Paulo para o lançamento da primeira exposição "Star Wars" na América Latina, com 200 objetos dos seis filmes da série. A mostra abre na quarta-feira no Porão das Artes, no parque Ibirapuera. Daniels fez o robô dourado durante as duas trilogias de George Lucas, que começou em 1977. Segundo o próprio ator, é dele a primeira fala do primeiro filme, e a última fala do último filme, "Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith", lançado em 2005. Bem-humorado e fazendo graça com os jornalistas nesta terça-feira, Daniels contou que a nave de Anakin Skywalker, que aparecia flutuando no primeiro filme, era na verdade um carrinho com rodas que era empurrado. O robô R2D2 era puxado por uma cordinha, lembrou Daniels. "E agora, no último filme, tudo estava no computador. Muito chato. Para mim, na verdade, falta alma aos filmes novos com toda essa tecnologia", disse o ator, todo vestido de preto e segurando uma miniatura de C-3PO. Ele contou que a última cena na qual participou no último filme foi toda feita com computação gráfica. Só ele era real, encenando sozinho, com apenas uma tela azul por trás. O R2D2 e todo o cenário foram feitos no computador. "Quando os objetos são reais, mesmo sendo simples objetos, eles têm muito mais alma, porque você consegue interagir com eles. Por trás de cada objeto, sempre existe alguém responsável pela operação, que dá vida aos objetos", disse Daniels. O mesmo sentimento tem Nelson Hall, o técnico de efeitos especiais da Lucasfilm, que veio ao país para ajudar na montagem da exposição. "Gosto das coisas mais artesanais, mais reais", disse Hall aos jornalistas, antes de voltar ao grupo de 10 pessoas que montavam o caça Jedi Starfighter, uma das peças mais impactantes, bem na entrada da exposição. A mostra, que fica em cartaz até 29 de junho, tem orçamento de 4 milhões de reais, sendo 2,5 milhões arrecadados via Lei Rouanet. Há outras duas mostras da franquia "Star Wars" acontecendo no momento, em Bruxelas e Estados Unidos. As três juntas, segundo Nelson, correspondem apenas a 10 ou 15 por cento do total do acervo do estúdio, distribuído em galpões na Califórnia. Um dos seis robôs originais usados por Daniels está na exposição em São Paulo, brilhante como em sua última aparição no cinema e ao lado de figurinos elaborados da rainha Amidala. Segundo Daniels, que teve que manter a forma durante todos esses anos para caber no figurino, o robô estava tão lustroso na "Vingança dos Sith" que refletia tudo à sua frente, como atores, câmeras e maquinário do set. Além do caça Jedi, há outros três veículos em tamanho real -- o Prodacer e o Airspeeder, de Anakin, e a moto-voadora Imperial Speeder. Há também maquetes de cenários, como o Planeta Utapu, palco do duelo entre o mestre Jedi Obi-Wan e General Grievous, em "Vingança dos Sith". Na manhã de terça-feira, quando parte da exposição foi exibida à imprensa, 14 membros de um fã clube de "Star Wars" estavam vestidos de Stormtroopers, soldados de Darth Vader, com armaduras brancas. Durante a exposição, "soldados" contratados pelos organizadores farão a recepção dos visitantes.

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