O cinema independente brasileiro ganha hoje mais uma injeção de fôlego com dois novos editais de apoio que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual (SAV) e da Agência Nacional de Cinema (Ancine), lança às 19h30, na Cinemateca Brasileira. O evento terá a presença da ministra da Cultura Marta Suplicy, do secretário do Audiovisual Mário Borgneth, e do presidente da Ancine, Manoel Rangel.
Mirando diretamente a produção autoral, os dois editais premiarão longas de ficção e documentário de baixo orçamento. Ao todo, serão destinados R$ 22 milhões à produção de filmes que investem na inovação de linguagem, além de ser incentivo à formação de novos cineastas, à regionalização da produção e ao fortalecimento do documentário nacional.
Em outras edições, o concurso de baixo orçamento já premiou longas como O Som ao Redor (de Kleber Mendonça Filho), Cine Holliúdy (de Halder Gomes), Estômago, de Marcos Jorge, O Grão, de Petrus Cariry, Utopia e Barbárie, de Silvio Tendler, entre vários outros. Ao todo, R$ 56 milhões já foram aplicados na produção de longas de baixo orçamento.
“São editais cruciais para revelarem a produção autoral, ousadia e irreverência nacional. Filmes como o Cine Holliúdy, no meu caso por exemplo, não teria outra possibilidade de realização senão por esta forma de fomento”, comenta Gomes, diretor de Cine Holliúdy.
Marta e Borgneth ressaltam que os concursos, que integram o programa Brasil de Todas as Telas, são também parte da política pública sistêmica de incentivo ao setor audiovisual e principalmente na regionalização da produção. Além disso, a iniciativa é fruto da união de forças entre a SAV e a Ancine para o incentivo ao cinema nacional. “Cada uma destas instituições tem funções específicas. Onde há a presença das duas instituições? Na política internacional do audiovisual e na questão do fomento. A SAV e a Ancine estão trabalhando em profunda parceria, na mesma estratégia política”, comenta Borgneth.
Durante conversa com a imprensa, a ministra comentou outras ações que integram a política audiovisual do MinC. Entre elas, está o lançamento do Prodav (Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro) das TVs Públicas, que destinará R$ 60 milhões para a produção audiovisual para a TV pública.
Cinema Comercial X Cinema Autoral - Quando questionado pelo Estado sobre a importância de editais para a produção independente e autoral, em tempos em que há vários profissionais do audiovisual que declaram que somente o cinema comercial tem sido beneficiado pelos mecanismos de financiamento público, Borgneth declarou que “a ação está em consonância com a boa fase de produção que o cinema brasileiro se encontra”.
“Sabemos da curva positiva que vivemos no audiovisual. Só um olhar muito enviesado não consegue enxergar estatísticas apontam para isso”, declarou o secretário. “Nossa política tem sido a mais diversificada o possível”, completou. "É preciso fortalecer todas essas linhas. É preciso fortalecer o longa BO. Há uma demanda de mercado em todas as regiões do Brasil. Até mesmo de São Paulo. E os editais de baixo-orçamento foram a porta de entrada de toda uma cinematografia que nasceu por conta deles, como o polo de Pernambuco, do Ceará, do Rio Grande do Sul. É uma porta de acesso", completou ele.
Para o secretário, a ação política sistêmica de incentivo ao audiovisual brasileiro, também ilumina as fragilidades do sistema. “Dentre as ações necessárias de aperfeiçoamento, uma parte destas ações é exatamente acionar as linhas do FSA que não são reembolsáveis. Com esta parceria entre os dois órgãos, entramos nesse outro mundo do audiovisual, que é o que permitiu o lançamento das ações dirigidas às TVs públicas e das ações de cooperação internacional com países africanos”, explicou Borgneth, citando o projeto CPFL Audiovisual, que vai destinar R$ 6 milhões aos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a ser lançado no final de outubro,
Marta ainda destaca a ação como mais uma das ações de valorização do soft power brasileiro. “Cinema é o maior transmissor de visibilidade internacional. Quando se fala em soft power, lembramos de que imagem dos Estados Unidos? Da de Hollywood. Da italiana? O cinema. Da França também. Não podemos deixar este potencial sem ser um dos focos do MinC. Acho que estamos caminhando muito bem”, analisa ela. “Há a feira de Bolonha, o salão de Paris, onde também vamos estar, o festival de teatro de Bogotá, E no cinema faltavam ações. Este novo edital e as futuras ações vêm para isso”, acrescentou a ministra.