"É Tudo Verdade" desembarca em SP

Inaugurado ontem no Rio, festival chega hoje a SP com a sessão de Checkpoint, sobre a tensão cotidiana entre palestinos e israelenses

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Por Agencia Estado
Atualização:

Na manhã de quarta-feira, ao conversar pelo telefone com o repórter do Estado, o diretor Yoav Shamir definiu qual era a situação em Tel-Aviv: "Estamos vivendo a calma que precede as grandes tempestades." Shamir gostaria de acreditar numa solução pacífica para a crise do Oriente Médio. Diariamente, vê essa solução sonhada chocar-se com a dura realidade de um mundo em guerra. Pois há uma guerra em Checkpoint, seu forte documentário que abre, hoje, em São Paulo, o 9.º É Tudo Verdade. O Festival Internacional de Documentários criado e dirigido por Amir Labaki começou ontem no Rio e ainda vai a Brasília. Até dia 4, serão exibidos 75 filmes. Haverá uma retrospectiva dedicada ao mestre documentarista Jean Rouch, que morreu em fevereiro. Avaliando a seleção, Labaki diz que nunca os documentários internacionais foram tão políticos nem os nacionais tão experimentais. O de Shamir, que abre o evento, venceu o Festival de Amsterdã, considerado o maior do mundo, no gênero. Checkpoint conta como é viver num mundo permanentemente em tensão (e perigo). Agora mesmo, Shamir diz que os israelenses, tensos, aguardam a resposta do Hamas ao assassinato de seu líder espiritual. Em Madri, aquele recente ataque do terror produziu centenas de vítimas. Como é conviver, no dia-a-dia, com o medo e a insegurança? É o tema de Checkpoint. O filme vê a vida do ângulo dos postos de observação, nos quais soldados israelenses fazem a segurança de suas cidades, controlando a movimentação dos palestinos. Shamir conta que ele próprio foi guarda num desses postos, entre 1989 e 92. Tem 32 anos, o rapaz. Quer continuar documentarista, não sabe se para sempre, porque acha que o documentário, mais do que a ficção, permite dar conta do mundo, hoje. O jovem soldado israelense diz que é humano, os palestinos são animais. Nada disso vai levar ao entendimento. Shamir ama o filme de Elia Suleiman, Intervenção Divina (leia ao lado). Seu filme foi feito com recursos da TV estatal, o canal 8. Ele não teve problemas. "A lei de Israel permite a filmagem em locais públicos e a liberdade de expressão." Sob certos aspectos, é uma sociedade democrática. Sob outros, não. "Vivemos expostos à ditadura religiosa e ideológica que só aumenta a tensão", avalia. Confira a programação no site do evento É Tudo Verdade - 9.º Festival Internacional de Documentários. Locais: Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Álvares Penteado, 112, centro, tel. 3113-3651); Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro 1000, Paraíso, tel. 3277-3611); Cinesesc (Rua Augusta, 2.075, Cerqueira César, tel. 3082-0213); Cinusp (Rua do Anfiteatro, 181, Colméia, Favo 4, Cidade Universitária, tel. 3091-3540); Itaú Cultural (Avenida Paulista 149, Cerqueira Cesar, tel. 3268-1700); Museu da Imagem e do Som (Avenida Europa, 158, Jardins, tel. 3062-9197); Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141, Vila Mariana, tel. 5080-2000). Até 4/4.

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