"É Tudo Verdade" anuncia programação

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Por Agencia Estado
Atualização:

Fundador e diretor do Festival Internacional de Documentários - É Tudo Verdade, o jornalista e crítico de cinema Amir Labaki anunciou, no sábado, a programação completa do evento, que se realizará de 11 a 28 de abril, no Rio de Janeiro (CCBB Cinema, CCBB Sala de Vídeo e Casa França-Brasil), e de 15 a 21 de abril, em São Paulo (Cinesesc, CCBB Cinema, CCBB Sala de Vídeo, Cineclube DirecTV 2, Centro Cultural São Paulo e Cinusp). A abertura carioca terá a exibição de Wilsinho Galiléia (1978), documentário de João Batista de Andrade sobre um famoso assaltante. Veja a relação completa de filmes de São Paulo e Rio. Produzido na década de 70 para o Globo Repórter, foi proibido pela censura e permanece inédito na televisão. Em São Paulo, será exibido Berlim, Sinfonia de uma Metrópole (2002), de Thomas Schadt. Trata-se de uma refilmagem do clássico documentário de mesmo nome, dirigido em 1927 por Walter Ruttman. Será a primeira projeção do filme fora da Alemanha, onde será lançado no próximo dia 10. Labaki revelou também o teor das duas retrospectivas. Com curadoria da pesquisadora Beth Formaggini, a nacional será dedicada aos documentários do Globo Shell e do Globo Repórter produzidos nos anos 70 por cineastas como Eduardo Coutinho, Walter Lima Jr., João Batista de Andrade, Hermano Penna e outros. Beth selecionou catorze filmes que cobrem o período de 1971 a 1979, quando a emissora investiu pesadamente no formato. Além de Wilsinho Galiléia, fazem parte da seleção documentários que ficaram famosos tanto pela linguagem quanto pela popularidade. Casos dos três dirigidos por Coutinho: Exu, uma Tragédia Sertaneja (1979), Teodorico, o Imperador do Sertão (1978) e Seis Dias de Ouricuri (1976). Ou de O Último Dia de Lampião, em que Maurice Capovilla reconstitui as últimas 24 horas do cangaceiro Virgulino Ferreira com a ajuda dos sobreviventes do episódio tanto do lado dos cangaceiros quanto do lado das volantes. Para comemorar os 60 anos da passagem de Orson Welles pelo Brasil, que chegou aqui em 1942 para rodar o longa É Tudo Verdade, a retrospectiva internacional homenageia o cineasta americano com a exibição de vários documentários dirigidos por ele e sobre ele. São oito títulos ao todo, tendo como destaque três inéditos. A Volta ao Mundo com Welles (1955), dirigido pelo próprio, é uma preciosidade. Trata-se de cinco programas especiais, feitos para a televisão britânica, sobre as principais capitais da Europa. Orson Welles no País de Dom Quixote (2000), do espanhol Carlos Rodriguez, sobre a forte relação do diretor com a Espanha, em especial o desejo nunca concluído de adaptar o clássico da literatura Dom Quixote. E O Caso Dominici por Welles, em que o francês Christophe Cognet resgata um documentário inacabado do diretor sobre um famoso crime ocorrido em 1954, no Sul da França. No capítulo dos programas especiais, o festival apresenta este ano várias novidades. Entre os estrangeiros, são destaques Rua 54 (2000), do espanhol Fernando Trueba, e Os Catadores e Eu (2000), de Agnès Varda. O primeiro homenageia o jazz latino reunindo treze grandes nomes do gênero: a brasileira Eliane Elias, o argentino Gato Barbieri, o espanhol Chano Dominguez, o dominicano Michel Camilo, os cubanos Paquito D´Rivera, Chucho, Bebo e Patato Valdés, e Orlando "Puntilla" Rios; os americanos Chico O´Farrill, Jerry González e a Fort Apache Band, e, em uma de suas últimas aparições, Tito Puente, falecido em 2000. O outro mostra a investigação da famosa cineasta e documentarista sobre os catadores de lixo, andarilhos e coletores. Entre os brasileiros, vale destacar os longas Marighella, Retrato Falado (2001), de Silvio Tendler; Janela da Alma (2001), de João Jardim e Walter Carvalho; e o curta-metragem VinteDez (2001), de Francisco César Filho e Tata Amaral. O documentário sobre Carlos Marighella reconstitui a trajetória de um dos principais nomes da esquerda brasileira na luta armada contra a ditadura. O premiado Janela da Alma conta como dezenove pessoas com deficiências visuais em graus diversos enxergam o mundo. E o curta-metragem da dupla de diretores paulistanos fala sobre a cultura hip hop como instrumento de resistência dos jovens da periferia. Imagens do Conflito - Os eventos de 11 de setembro, em Nova York, também terão lugar nesta edição do É Tudo Verdade. São objeto de um dos programas especiais, que terá dois filmes produzidos e assinados pelo Paper Tiger Television, projeto de realização de vídeos comunitários nos Estados Unidos, sobre os atentados no World Trade Center. E também fará parte da Segunda Conferência Internacional do Documentário, que terá como tema mais amplo Imagens de Conflito. Coordenada pelos professores Ismail Xavier e Maria Dora Mourão, terá quatro mesas redondas com a participação de nomes como o do professor americano Bill Nichols e o documentarista João Moreira Salles.

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