Duas estréias para o Natal carioca

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Por Agencia Estado
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O Estação preparou dois lançamentos exclusivos para o Rio nesta segunda-feira de Natal. Sweetie é o primeiro longa de Jane Campion, a diretora de O Piano, vencedor da Palma de Ouro em Cannes. O outro é Sanguinaires: A Ilha Do Fim Do Milênio, de Laurente Cantet, um dos títulos da série 2000 visto por... do canal francês Arte. A diretora e roteirista neozelandesa Jane Campion estreou com sucesso no cinema: seu primeiro curta-metragem Pell ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 1986. Com Sweetie, de 1989, ela conquistou os prêmios dos críticos de Los Angeles e da Austrália. Um ano depois, ela ganhou sete prêmios, inclusive o Leão de Prata, em Veneza, com An Angel At My Table, além de ter sido consagrada no Festival de Berlim e de Toronto. Este histórico antecedeu a consagração final com a vitória em Cannes em 93 com O Piano. Sua última produção, lançada no Brasil em junho, foi Fogo Sagrado, com Kate Winslet, uma decepção para a crítica internacional. Sweetie é um filme sobre mulheres, tema que se tornaria o centro da filmografia de Campion. Kay e sua irmã Dawn, que tem o carinhoso apelido de "Sweetie", tentam conviver apesar das diferenças. Kay é contida, trabalha num escritório e tem um namorado que ela acha ser predestinado para ela - graças a uma consulta com uma vidente. Sweetie tem problemas mentais e causa conflitos na família com sua personalidade egoísta e infantil. Um drama com toques de humor negro, Sweetie não trata de mulheres corajosas como O Piano, mas de pessoas comuns vivendo sob conflitos cotidianos. Os pais se recusam a admitir a doença de Sweetie e se prendem à lembranças de sua infância: "era uma menina tão talentosa", lembra saudoso o pai. Agora que as duas já entraram nos 20 anos, as gracinhas de Sweetie tornam-se um inferno para a irmã Kay. Ela chega a entregar-se ao namorado da irmã por diversão. Kay não consegue fazer sexo com o namorado, ex-noivo de uma amiga e que ela começou a cobiçar por causa da premonição da vidente. A direção de Campion equilibra, melhor que seus personagens, a personalidade histérica de uma à reprimida da outra. Sanguinaires - A Ilha Do Fim Do Milênio é a outra estréia do dia 25. O filme faz parte do projeto 2000 visto por..., concebido por Carole Scotta e Caroline Benjo para a tevê francesa. Jovens cineastas de todo o mundo, incluindo os brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas, que realizaram O Primeiro Dia, foram convidados para criar histórias que tivessem como tema a passagem de 1999 para o ano 2000. O diretor de Sanguinaires..., Laurent Cantet foi selecionado para narrar a versão francesa. Além dele, foram convidados Alain Berliner, da Bélgica, Hal Hartley, dos Estados Unidos, Tsai-Ming Liang, de Taiwan, Abderrahmane Sissako, do Mali, Don McKellar, do Canadá, e Miguel Albaladejo, da Espanha. Cantet escolhe a tecnologia para falar das mudanças em tempos de fim de milênio. Não só a técnica, como o homem escravo dela. Para escapar da histeria global no Réveillon de 1999, um grupo de amigos, reunidos por François, exila-se na ilha deserta de Sanguinaires. Com o passar do tempo, a falta de telefone, rádio e outras modernidades - exigência de François - começa a causar conflito entre os personagens, principalmente entre os adolescentes e os pais. François passa a perceber que o isolamento que ele pretendia é uma utopia e isola-se do resto do grupo. Ele persevera em manter-se o mais próximo à natureza. Chega a perseguir um dos adolescentes que teima em ouvir seu walk-man, bancando menos o anfitrião e mais um "guru de seita", como define uma das personagens. Na noite de ano novo o grupo se reúne para uma comemoração e François desaparece na ilha. O diretor escreveu que a idéia do ano 2000 nunca significou muito para ele. "O prazer estava em responder a este desafio até seu limite, uma vez que a história do meu filme é como escapar do ano 2000." Sweetie e Sanguinaires: A Ilha Do Fim Do Milênio - Estação Ipanema, a partir de segunda-feira, horário normal.

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