Drama familiar e guerra conduzem vidas em 'Entre Irmãos'

Quando Sam desaparece na guerra, Tommy passa a cuidar da família do irmão e se envolve com a sua esposa

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Por Reuters
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Natalie Portman e Jake Gyllenhaal estão no filme de Jim Sheridan. Foto: Divulgação

 

SÃO PAULO - A base para o roteiro do filme "Entre Irmãos", que estreia em circuito nacional, lembra uma parábola bíblica: dois irmãos disputam o amor da mesma mulher e a atenção do pai. No entanto, o diretor irlandês Jim Sheridan trabalha num enfoque mais intimista da história, sem buscar uma grandiosidade no conflito desse grupo de personagens.

 

 

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Tal como "O Mensageiro", em cartaz no país, "Entre Irmãos" tem como pano de fundo - ou ponto de partida para pequenos dramas - a intervenção dos Estados Unidos no Oriente Médio, dessa vez no Afeganistão. Mas, ao contrário de "O Mensageiro", que envolve a sociedade como um todo, aqui o foco está na dissolução familiar.

 

"Entre irmãos" é um remake em inglês do filme dinamarquês "Brothers" (2004), de Susanne Bier ("Depois do Casamento"), mantendo praticamente intacta a linha narrativa, com pequenas adaptações para adequar-se à realidade norte-americana.

 

Sheridan ("Meu Pé Esquerdo", "Terra de Sonhos") sempre lidou com assuntos políticos a partir do prisma familiar, como o Exército Republicano Irlandês, o IRA ("Em Nome do Pai", 1993), e a imigração ilegal para os Estados Unidos ("Terra de Sonhos"). Desta vez a trama não se aprofunda nos personagens ou suas motivações, deixando de lado nuances e acumulando ideias e esboços.

 

Sam Cahill (o "Homem-Aranha" Tobey Maguire) é o oposto de seu irmão, Tommy (Jake Gyllenhall, de "Zodíaco"). O primeiro é um fuzileiro naval responsável, pai de família e casado com Grace (Natalie Portman, de "Nova York, Eu Te Amo").

 

Seu irmão é o clichê ambulante da ovelha negra, que acaba de sair da cadeia. As diferenças explodem, mais uma vez, durante o jantar de despedida de Sam, que volta para o Afeganistão, depois de passar uma curta temporada com a família.

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No Afeganistão, Sam enfrenta as atrocidades da guerra, é capturado e mantido refém pelo Talibã. Sua família, no entanto, não sabe desse detalhe, e ele é dado como morto.

 

Em casa, Tommy conforta a cunhada viúva e cuida das sobrinhas pequenas, tal como um pai faria. Ele assume as responsabilidades do irmão e tenta ganhar o amor e a confiança do pai, também um ex-fuzileiro, interpretado por Sam Shepard ("O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford").

 

Não demora muito para Tommy assumir praticamente todas as funções do irmão e ganhar o coração de Grace. Libertado, Sam volta para casa mais neurótico e atormentado do que nunca e começa a desconfiar da proximidade entre o irmão e sua mulher. Além disso, o oficial precisa também enfrentar os demônios da guerra que o consomem.

 

"Entre Irmãos" é um filme que fica contido quando deveria explodir, no momento em que as emoções, dores e amores aprisionados tomam conta dos personagens e eles clamam por tudo aquilo que anseiam.

 

No entanto, poucos personagens exploram sua problemática até o limite. Quando isso acontece, é de forma forçada.

 

Ao mostrar atrocidades interferindo no melodrama doméstico, Sheridan levanta a discussão sobre a intervenção dos Estados Unidos em países como Afeganistão e Iraque.

 

Mas o retrato que faz dos dois ambientes não traz nada de novo sobre a guerra ou sobre os pequenos dramas que acontecem nas cozinhas, salas e quartos, enquanto os soldados estão no campo de batalha. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

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