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Documentário 'The Princess', sobre Diana, põe o espectador no foco

Ao contar a história de Lady Di, Ed Perkins questiona qual foi o nosso papel nesse 'conto trágico'; veja o trailer de 'The Princess'

Por Lindsey Bahr
Atualização:

A última coisa que o mundo precisa, você pode pensar, é outro documentário sobre a princesa Diana. É um pensamento justo, considerando que, quase 25 anos após sua morte, sua vida e impacto ainda são lembrados na mídia. Seja uma capa de revista ou um livro alegando ter novas revelações ou apenas uma imagem de Kristen Stewart em uma recriação de seu vestido de noiva para o filme Spencer ou Elizabeth Debicki ostentando o “vestido de vingança” para a série The Crown, a cultura continua a ter um apetite insaciável por todas as coisas de Diana.

Lady Di em cena do documentário 'The Princess' Foto: HBO

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E, no entanto, o documentarista Ed Perkins conseguiu encontrar uma nova maneira de entrar: voltando as lentes para nós. "A verdade óbvia é que a história de Diana é provavelmente uma das mais contadas e recontadas nos últimos 30 anos", disse Perkins em entrevista esta semana. “Só sentimos que valia a pena adicionar a essa conversa se realmente sentíssemos que tínhamos uma nova perspectiva a oferecer.”

The Princess (HBO Max) não tem depoimentos nem o tradicional narrador. Em vez disso, conta a história de sua vida pública usando apenas imagens de arquivo de noticiários, talk shows e programas de rádio. Começa no momento em que seus primeiros passos são seguidos pelas câmeras atrás de notícias de seu namoro real até as consequências de sua morte em 1997.

Perkins nunca conheceu Diana. Ele tinha 11 anos quando a princesa morreu e lembra que sua mãe o acordou com lágrimas nos olhos. Na semana seguinte, eles ficaram grudados na televisão, ligados no noticiário que antecedeu o funeral, como grande parte do mundo estava. Na época, ele se lembrou de ter se sentido confuso e surpreso com o que disse ser uma “depressão não muito britânica de tristeza”.

Ela era alguém que a maioria das pessoas só conhecia através da mídia, ele pensou. Por que então estavam agindo como se tivessem perdido a mãe ou uma irmã? Por que milhões aplaudiram seu casamento? Por que, por 17 anos, todos dissecaram “tudo o que ela fez, tudo o que ela disse, tudo o que ela vestiu”?

Princesa Diana noTaj Mahal, em fevereiro de 1992; documentário de Ed Perkins estreia no streaming Foto: Udo Weitz/AP/ViaHBO

“Há algo na história de Diana que sempre me pareceu estranhamente pessoal”, disse ele. “Acho que milhões de pessoas ao redor do mundo têm um tipo de relacionamento semelhante. Há algo sobre ela ou o que ela representava que ficou próximo de muitas pessoas e se tornou parte da consciência coletiva ou compreensão de quem éramos.”

Eram perguntas que perduravam ao longo dos anos. E, no início da pandemia e dos bloqueios provocados pela covid-19, ele e sua equipe decidiram tentar responder o porquê. Como você pode imaginar, era enorme o arquivo de uma das pessoas mais fotografadas da história. Por seis meses, de oito a 12 horas, por dia, Perkins assistiu a arquivos em busca de momentos que ainda fossem representativos.

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“Muitas vezes, tratava-se de tentar encontrar subtexto e linguagem corporal”, disse ele. “Diana é quase como uma estrela de cinema mudo. Ela não falava muito publicamente ao longo de sua vida pública. E, no entanto, acho que ela era incrivelmente hábil, quase magistral, na forma com que projetava sua própria história pública/privada publicamente, um meio em que tentava nos dizer como ela estava se sentindo.”

Ele também usou as muitas horas de comentários do público por telefone que foram ao ar nos programas de rádio britânicos ao longo dos anos para funcionar como uma espécie de coro grego.

O filme, que recebeu elogios no Festival de Cinema de Sundance no início deste ano, está tentando levar o público a uma jornada emocional e intelectual à medida em que se desenrola no tempo presente. Para Perkins, também não é apenas um documento histórico: é a história da origem de algumas coisas que acontecem hoje.

“Quero que o filme nos permita voltar a câmera para todos nós e nos forçar a fazer algumas perguntas difíceis sobre nosso relacionamento, sim, com Diana.Talvez de forma mais ampla, nosso relacionamento com a família real e, mais amplamente, qual é a nossa relação com uma celebridade”, disse Perkins. “Então, a coisa mais importante e interessante - mas talvez mais difícil - de se falar sobre essa história é qual foi o nosso papel nessa história? Qual foi a nossa cumplicidade neste conto trágico?”

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