Documentário sobre João Gilberto e o terror 'Slender Man' estão entre as estreias da semana

Confira os filmes que chegam aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 23

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Carlos Merten e Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Abaixo, a lista com os filmes que estreiam nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 23.

Cena do filmeSlender Man – Pesadelo Sem Rosto Foto: Sony Pictures

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‘Slender Man’, mexer com ele vira pesadelo

Slender Man – Pesadelo Sem Rosto  (EUA/2018, 93 min.)Dir. Sylvain White. Com Joey King, Jaz Sinclair

Tema do documentário da HBO, Cuidado com o Slenderman, a figura esguia de terno, tratada digitalmente, virou referência maligna para os internautas. O que a ficção propõe agora é a história das amigas que invocam o ‘slenderman’, só por diversão, e ele passa a persegui-las em pesadelos. / L.C.M.

‘Onde Está Você, João Gilberto?’, de Georges Gachot, é sobre o Brasil

Onde Está Você, João Gilberto?  (Suíça, Ale.,Fr./2018, 107 min.) Dir. Georges Gachot. Com Georges Gachot, Miúcha, João Donato

Autor de belos documentários sobre grandes figuras da MPB, o suíço Georges Gachot sempre contava com uma falha em seu currículo. Como fazer um filme sobre o recluso João Gilberto? Como encontrar (e entrevistar) um homem que não quer ser encontrado? Gachot descobriu o livro Ho-Ba-La-Lá, do alemão Marc Fischer – publicado em 2011 pela Cia. das Letras – e fez Onde Está Você, João Gilberto?

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O filme segue a estrutura do livro. Gachot, como o próprio Fischer, segue a trilha do mítico artista. Entrevista pessoas chegadas a ele, faz tocaias em locais em que João pode aparecer. E apresenta momentos únicos dessa carreira extraordinária – João Gilberto cantando, daquele jeito que só ele sabe, Menino do Rio em Montreux.

Documentário nas bordas da ficção, Onde Está Você...? apresenta um personagem investigativo identificado como Sherlock (Holmes), em homenagem ao mestre da dedução e do disfarce do escritor Arthur Conan Doyle. O filme é poliglota. Quando se assume como o próprio Fischer – que morreu pouco antes da publicação de seu livro –, Gachot fala ou lê em alemão. Com Miúcha, fala francês. Com outros entrevistados em inglês, ou então arrisca um português meio arranhado.

Onde Está Você...? é lindo, e muito dessa beleza vem da recusa de Gachot de incorporar as recentes disputas judiciais envolvendo o artista e seus familiares (ou herdeiros/as). O Rio que ele mostra também não é o da bandidagem, das balas perdidas e das ocupações militares. É um Rio mítico como aquele que viu nascer a bossa nova, de quem João Gilberto talvez tenha sido o mais legítimo representante.

Ho-Ba-La-Lá, a canção que João cantou em 1959. O Pato – vinha cantando alegremente quando... O barquinho vai/a tardinha cai... Bom de ver e ouvir, Onde Está Você, João Gilberto? não é só a busca de um artista. É também a de um país que anda com a autoestima à deriva e que Gachot, com sua alma brasileira, nos tenta ajudar a reencontrar.  / L.C.M

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Gauguin, como você nunca viu, pela arte de Deluc e Cassel

Gauguin – Viagem Ao Taiti (França/2017, 101 min.)Dir. Edouard Deluc. Com Vincent Cassel, Tuheï Adams, Malik Zidi

Edouard Deluc é um diretor francês que ama a estrada, a aventura. Seu primeiro longa, Casamento em Mendoza, é sobre dois irmãos franceses que viajam para o casamento de um primo na distante fronteira andina da Argentina. O novo longa é sobre Gauguin, o pintor sempre associado à figura de Van Gogh. No século 19, ele abandonou a família e partiu para o Taiti. Buscava o paraíso. De certa forma, encontrou-o, mas também seu inferno. 

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Tuberculose, abandono, amor. Se não conseguia sobreviver de sua arte, demasiado avançada, na Europa, Gauguin também não encontrou compreensão nos Mares do Sul. Encontrou, em meio aos maoris, sua musa – Tehura, a quem pintou em quadros que hoje fazem parte da história da arte. Na época, o romance não foi fácil. Na cultura dos maoris, a mulher escolhe seu homem e é livre para partir quando quiser. Gauguin, num determinado momento, tentou prender Tehura como a um pássaro. Perdeu-a. Tudo isso é história, que Deluc ficcionaliza, e com a cumplicidade de um ator, Vincent Cassel, que se entrega à intensidade do papel. / L.C.M.

‘Café com Canela’, temas fortes em discussão da hora

Café com Canela (Brasil/2017, 100 min.)Dir. Ary Rosa, Glenda Nicácio. Com Valdinéia Soriano, Aline Brune

É fácil encontrar defeitos em Café com Canela, e a bem da verdade é o que parte da crítica anda fazendo. Mas também é injusto. O longa da dupla Ary Rosa e Glenda Nicácio concorreu em Brasília no ano passado. Não se compara a Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans, que venceu o Candango principal – e já é o grande filme brasileiro do ano –, mas Café com Canela, com seus três prêmios (atriz, para Valdinéia Soriano, roteiro e júri popular), possui um encanto especial.

Era o filme certo, na hora certa. Tem havido nesse Brasil um clamor pela discussão de temas ligados à mulher, ao negro, à identidade LGBT. Café com Canela tem tudo isso, e num clima de humor e baianidade. Começa de um jeito que parece que vai ser uma comédia eufórica, mas logo muda o tom. Uma senhora que sofre a dor da perda do filho – Valdinéia. A ex-aluna que tenta trazê-la de volta para a vida. Babu Santana também poderia ter sido premiado pelo seu papel, o médico gay Ivan. Como Benzinho, outra estreia desta quinta, é outro filme sobre afeto, sobre outro tipo de perda (o filho que parte, não morre). O cinema humano brasileiro não perde nada para o argentino. / L.C.M.

O País (oculto?) que a pornochanchada expõe

Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava (Brasil/2018, 80 min.)Dir. Fernanda Pessoa

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Fernanda Pessoa começou a se interessar pela pornochanchada quando estagiava na Faap, catalogando os títulos da filmoteca da escola. Descobriu uma coisa interessante – que aqueles filmes desprezados pela crítica desafiavam a censura do regime e abordavam, muitas vezes de forma escrachada, os temas que os militares queriam silenciar.

Tortura, perseguições políticas, assassinatos e, mais, a permanência da velha divisão entre casa grande e senzala, com a objetalização sexual da mulher negra como doméstica ‘desfrutável’, tudo isso está nas pornochanchadas, que espelham o Brasil da época. Na verdade, o que o olhar da diretora revela é que muitos desses preconceitos e arbitrariedades permanecem até hoje. / L.C.M.

Os afetos, na história carinhosa de ‘Benzinho’

Benzinho  (Brasil/2017, 95 min.)Dir. Gustavo Pizzi. Com Karine Teles, Otávio Müller, Adriana Esteves

Do (ex) casal Karine Teles/Gustavo Pizzi, Benzinho é um filme sobre família que consegue abarcar questões relevantes – tempo, afeto, violência contra a mulher, empoderamento. Uma família meio Buscapé, o filho anuncia repentinamente que está partindo de casa. Veja, e não se vexe se chorar. / L.C.M.

Bardem e Penélope esquentam ‘Escobar’

Escobar – A Traição  (Espanha/2017, 123 min.)Dir. Fernando León de Aranoa. Com Javier Bardem, Penélope Cruz

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Fernando León de Aranoa, o diretor de Segunda-Feira ao Sol, com Javier Bardem, oferece ao ator outro grande papel. Baseado no livro de memórias de Virginia Vallejo, que foi amante de Pablo Escobar, ele recria a relação do casal. E com a mulher de Bardem, Penélope Cruz, como Virginia. / L.C.M.

Trama ‘ligeiramente’ real com Jon Hamm

Te Peguei! (EUA/2018, 100 min.)Dir. Jeff Tomsic. Com Ed Helms, Jake Johnson (XVI), Annabelle Wallis

Uma autêntica curiosidade – um filme ‘ligeiramente’ inspirado numa notícia de jornal que o diretor Jeff Tomsic leu. Cinco amigos iniciaram um jogo quando eram crianças e, adultos, batendo nos 50, continuam jogando. Jon Hamm, o Don Draper da série Mad Men, é a atração do elenco. / L.C.M.

Riocentro, um flagelo da época da ditadura

Missão 115 (Brasil/2018, 87 min.)Dir. Silvio Da-Rin. Com Breno Guimarães

Silvio Da-Rin disseca o caso chocante que precipitou o fim do regime militar. Em show do 1.º de maio no Riocentro, o plano de um atentado no local falhou quando a bomba que os terroristas haviam preparado explodiu no carro deles mesmo, matando um e ferindo o outro. / LUIZ ZANIN ORICCHIO

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‘Corpo em Terapia’venceu festival nos EUA

O Corpo em Terapia(Brasil/2016, 63 min.) Dir. Márcia Paveck

Documentário que aborda a terapia que dispensa medicamentos e se concentra na força interna das pessoas, num processo com abordagem corporal-transpessoal. Três pessoas, Roberta, Pedro e Tânia, transformam-se por meio da arte e da consciência corporal. O filme venceu o Latif Award, do Los Angeles Independent Film Festival. 

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