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Documentário revela perfil de advogado de terroristas

Baseado em diversas entrevistas, 'O Advogado do Terror' traz retrato do polêmico advogado Jacques Vergès

Por Neusa Barbosa e da Reuters
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Ao longo da vida, o advogado francês Jacques Vergès colecionou clientes que vários colegas recusariam - como o terrorista internacional Carlos, o Chacal, o nazista Klaus Barbie e o ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic. O retrato deste personagem polêmico está no documentário O Advogado do Terror, que estréia em São Paulo e Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 11.   Veja também: Trailer de 'O Advogado do Terror'  Dirigido por Barbet Schroeder (de O Reverso da Fortuna), o filme venceu o prêmio César, o principal da França, em 2008, na categoria melhor documentário. No ano passado, também fez parte da seleção Um Certain Regard, a principal mostra paralela do Festival de Cannes. Baseado em diversas entrevistas, inclusive com o próprio Vergès, que tem 84 anos, O Advogado do Terror evita emitir julgamentos sobre seu protagonista. Filho de uma professora vietnamita e de um médico da Ilha de Reunião (região no oceano Índico ainda subordinada à França), o advogado entrou para a política no final dos anos 1950. Em 1957, se tornou defensor de Djamila Bouhared, jovem que acabava de ser condenada à morte por realizar atentados na Argélia contra os colonizadores franceses. Vergès não só salvou sua vida, e de outros militantes argelinos, como se casou com ela. Marido de uma heroína nacional argelina, o advogado ficou em sua sombra. Limitado a defender apenas casos de divórcio naquele país, acabou indo embora. Aproveitando-se de sua fama pela atuação na causa argelina, encontrou outros clientes fora dali, palestinos, cambojanos, alemães, boa parte deles envolvidos em atos de terrorismo. De 1970 a 1978, não se sabe ao certo onde ele andou. O próprio Vergès evita confirmar se esteve mesmo no Camboja - onde era amigo do ditador Pol Pot -, na China ou no Oriente Médio. Articulado e bem-falante, Vergès não é figura simples de confrontar - e o diretor Barbet Schroeder, aliás, não tenta isso em nenhuma cena. Seu projeto é acumular depoimentos, intercalando-os entre longas conversas com o próprio advogado. Schroeder parece querer deixar o julgamento do personagem para os espectadores. Entretanto, sem contar com nenhuma narração e com um uso bastante econômico de imagens de arquivo, alguns espectadores poderão ter dificuldade em se posicionar diante de tantas informações. O filme oferece, em todo caso, um rico painel, não só de uma personalidade controvertida, como de vários movimentos políticos clandestinos dos séculos 20 e 21.

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