Documentário registra memórias de divas do cinema

O Amor é um Lugar Vazio vai resgatar imagens e lembranças das atrizes Eliane Lage, Vera Sampaio, Claudia Montenegro e Lídia Mattos

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Por Agencia Estado
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Onde andará Eliane Lage, a musa da Vera Cruz? E Lídia Mattos, estrela de Argila, de Humberto Mauro? Quem se lembra da russa Vera Sampaio, bailarina e protagonista dos filmes do marido, Oswaldo Sampaio? Se estes três nomes, com longa trajetória artística, não dizem muito às novas gerações, imagine o silêncio que cerca Claudia Montenegro, protagonista de um único filme (o lírico Canto da Saudade, derradeiro longa de Humberto Mauro)? Dois documentaristas paulistanos - Ana Carolina Maciel e Caco Souza - resolveram resgatar as memórias das quatro divas de outrora. Para tanto formataram o Projeto Narratrizes. Um piloto - já realizado - registrou imagens e lembranças de Vera Sampaio, atriz nos filmes A Estrada e A Marcha, este, protagonizado por Pelé, Nicette Bruno e Paulo Goulart. A dupla trabalha, agora, na pré-produção dos documentários dedicados a Eliane Lage, Lídia Mattos e Claudia Montenegro. "Nossa proposta consiste na realização de série de quatro programas com 28 minutos cada um, sob o título geral de O Amor é um Lugar Vazio", detalha Ana Maciel. A narrativa vai fundamentar-se em princípios de História Oral. As experiências relatadas obedecerão ao fluxo da memória das atrizes. "Queremos ouvir suas estórias, impregnadas de subjetividade e, através delas, lembrar momentos importantes da história do cinema nacional." Ana Maciel e Caco Souza correm contra o tempo. Afinal, a russa Vera Sampaio já está com 88 anos. Quem a viu no palco do MIS, durante a Mostra do Cinema Paulista, sabe que ela continua lúcida e cheia de entusiasmo. Mas, "só descansamos quando conseguimos registrar o depoimento dela", contam. Agora, eles querem registrar o depoimento de Claudia Montenegro, estrela de Humberto Mauro. A atriz, que não seguiu carreira por razões familiares, tem mais de 70 anos (detesta revelar a idade). Lídia Mattos fará, em outubro próximo, 77 anos. A caçula do grupo é Eliane Lage. A mais reclusa das estrelas do cinema brasileiro - há quem a tenha na conta de nossa Greta Garbo - mudou-se, depois de longa estada em Pirenópolis/Goiás, para o interior de Minas. Ela completou 73 anos no mês passado. "Infelizmente" - lamentam Ana e Caco - "nossas escolhidas não conseguiram chegar à terceira idade com a mesma notoriedade de Tônia Carreiro e Dercy Gonçalves, dois exemplos muito especiais". Das quatro estrelas de Narratrizes, a única que continua em ação é Lídia Mattos. Ano passado, ela ganhou o Kikito de melhor coadjuvante no Festival de Gramado, por seu (belo e sensível) desempenho em Eu não Conhecia Tururu, de Florinda Bolkan. Ana Maciel lamenta que Vera e Claudia Montenegro estejam totalmente esquecidas, restritas à rememoração de contemporâneos ou de um público especializado". O caso de Eliane e Lídia "é menos grave, mas mesmo assim, as novas gerações quase nada sabem sobre elas". Historiadora e mestre em cinema pela Unicamp, Ana defendeu tese sobre o cineasta de Cataguazes (Figuras e Gestos de Humberto Mauro: uma Edição Comentada). Ela estudou série de palestras que o diretor proferiu na Rádio MEC, em 1943/44. Seu trabalho está no prelo e ela segue carreira como roteirista de cinema. Sua estréia como diretora se deu na cinebiografia de Vera Sampaio. Seu parceiro, Caco Souza, é curta-metragista e diretor de filmes publicitários. Já realizou documentários na Amazônia, Indonésia, África do Sul e Havaí. Atualmente prepara seu primeiro longa - O Bandido da Boca do Lixo - baseado na estória de Hiroito de Moraes Joanides, marginal que movimentou a vida paulistana nos anos 50/60. Para desenvolver o roteiro dos quatro episódios do Projeto Narratrizes, Ana e Caco realizaram minuciosa pesquisa em revistas especializadas como Cinearte, Scena Muda e Fon-Fon. Quem quiser patrocinar o projeto da dupla paulistana deve contatar Ana Carolina Maciel pelos fones (11) 3672-3358/ 9659-6567 ou pelo e-mail: anacamaciel@aol.com. Narratrizes está inscrito na Lei Rouanet e Lei Mendonça e seu custo total é de R$ 262 mil.

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