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Documentário pernambucano sobre filósofo Olavo de Carvalho vence o 21º Cine PE

'Jardim das Aflições' levou estatuetas nas categorias de melhor filme e montagem

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Marcado pela polêmica - diretores tiraram seus filmes e jornalistas recusaram o credenciamento, acusando o festival de se haver aliado à direita ‘conservadora e golpista’, segundo manifesto divulgado em 10 de maio - , o 21.º Cine PE terminou na noite de segunda, 3, com a premiação justamente da obra responsável por todo esse imbróglio. O júri oficial, integrado, entre outros, pelo respeitável documentarista Vladimir Carvalho - de Conterrâneos Velhos de Guerra e Rock Brasília - atribuiu a Calunga de melhor filme a O Jardim das Aflições, de Josias Teófilo, de Pernambuco, sobre o filósofo Olavo de Carvalho e sua obra mais conhecida.

O Jardim ganhou nas categorias de filme e montagem, mas não ficou com o prêmio de direção, outorgado a Edu Felistoque, por Toro. O filme de São Paulo ganhou mais três prêmios - roteiro, assinado pelo diretor, ator coadjuvante (Rodrigo Lampi) e edição de som. Mário Bortolotto foi o melhor ator por Borrasca, também de São Paulo, que Francisco Garcia adaptou de sua peça; Simone Spoladore, a melhor atriz, e Aline Fanju, melhor coadjuvante, ambas por O Crime da Gávea, do Rio, que os créditos apresentam como ‘um filme de Marcílio Moraes’ - autor do romance e produtor, mas não diretor. O Crime também ganhou nas categorias de fotografias e direção de arte.

Cena de 'Jardim das Aflições' Foto: Lavra Filmes

O júri fez verdadeira ginástica para atribuir ao melhor filme da competição - Los Leones, do mineiro André Lage - somente a Calunga de melhor trilha. O Jardim venceu o prêmio do júri - foi a única sessão que lotou, em toda esta edição do Cine PE - e Los Leones levou, merecidamente, o prêmio da crítica. Embora esteja longe de ser nulo e possua qualidades, O Jardim não possui a complexidade formal nem temática de Los Leones, que propõe uma das mais originais experiências de ocultamento do cinema brasileiro. Ao contar a história de um casal numa ilha do Rio Tigre, na Argentina, o diretor consegue o prodígio de ocultar informações e manter o espectador ligado. O próprio Lage define seu filme como ‘underground’ - pelo tema e pela forma. Teria sido uma vitória da ousadia como há tempos não ocorre.

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