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Documentário narra as histórias da Cinemateca

Dirigido por Kiko Mollica, vídeo terá hoje a sua primeira exibição aberta ao público

Por Agencia Estado
Atualização:

Imagens de 50 filmes brasileiros ? de Os Óculos do Vovô, passando por O Padre e a Moça e chegando a Ilha das Flores ? se somam a depoimentos de personalidades para contar a história da Cinemateca Brasileira, a maior e mais importante da América do Sul. O resultado é um vídeo de 53 minutos, produzido pelo Canal Brasil, em parceria com o Cinusp, e dirigido por Kiko Mollica. Hoje, às 19h30, a Sala Cinemateca promoverá a primeira sessão pública do vídeo, que o Canal Brasil exibirá no dia 4. Além dos testemunhos de Lygia Fagundes Telles, eterna primeira-dama da Cinemateca (instituição fundada em 1949, por seu marido, Paulo Emílio Salles Gomes, e por Francisco de Almeida Salles), de Cacá Diegues e Paulo José, o programa, um documentário de corte clássico, reúne vozes de ex-diretores (Rudá de Andrade e Carlos Augusto Calil), administradores atuais (Sylvia Bahiense, diretora-executiva; Thomaz Farkas, presidente de conselho diretor, e Carlos Roberto de Souza, curador de acervo) e de Cosette Alves, presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca. Paulo Emílio (1916-1977) aparece em depoimentos a Alain Fresnot (no curta Nitrato) e em reportagem produzida pela Embrafilme. O diretor Kiko Mollica, de 31 anos, conta que montou seu documentário em três blocos temáticos. "O que foi levantado em um ano de pesquisa se mostrou tão vasto, que resolvemos sintetizar dez horas de material colhido em segmentos de 17 ou 18 minutos cada um." O primeiro ? detalha ? "conta a história da fundação da Cinemateca que, do ponto de vista sentimental, nasceu em 1940, renasceu em 1946 e ganhou existência real em 1949. Cada testemunho fornecia uma data diferente. Mas o que é mais significativo naquele período é a constância dos incêndios que devoraram muito do patrimônio da instituição". No segundo bloco, Mollica deu destaque ao acervo, "valiosíssimo, apesar das perdas causadas pelos incêndios ou falta de recursos para restauração e preservação". Entre os títulos que desapareceram, deles só restando fotos (mostradas pelo programa), estão Barro Humano (Adhemar Gonzaga/ 1929) e Favela dos Meus Amores (Humberto Mauro/ 1935). O documentário apresenta imagens de Reminiscências (Junqueira Aristides/1909), sobrevivente de belle époque do cinema brasileiro, de Os Óculos do Vovô (Francisco Santos/1913) e Cidade de Bebedouro (Antônio Campos/1914). "No terceiro bloco", arremata Mollica, "mostramos dezenas de fotografias de filmes brasileiros e estrangeiros que compõem o rico acervo da Cinemateca. Mostramos, também, trechos de comédias cariocas dos anos 30 e 40, filmes da Vera Cruz, Maristela e Sonofilmes, clássicos do Cinema Novo, pornochanchadas e chegamos a Ilha das Flores e Um Céu de Estrelas". Memória ? O curta de Jorge Furtado, premiado no Festival de Berlim, serve de mote para que Carlos Alberto de Souza fale de sua emoção ao receber, de curtas-metragistas, uma de duas (ou três) cópias disponíveis. "Eles têm consciência da importância da preservação de nossa memória cinematográfica e, por isso, abrem mão de uma das poucas cópias que têm." No final do programa, abre-se espaço também para imagens do Acervo Tupi (programas de TV entregues à Cinemateca como resgate de dívida da empresa com o governo) e aposta-se em futuro menos trágico, já que agora a Cinemateca dispõe de sede (no antigo Matadouro Municipal) à altura da grandeza de seu projeto e de novíssimo arquivo climatizado. E lembra-se o projeto Censo Cinematográfico Brasileiro, idealizado por Gilberto Gil, artista com grande folha de serviços prestados ao cinema brasileiro, e bancado pela BR Distribuidora.

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