Documentário mostra intenso 'exílio' espanhol de Ava Gardner

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Por BLANCA RODRÍGUEZ
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Noites de flamenco, tardes de touradas, festas, amantes, bebedeiras e cinema. A lenda do cinema Ava Gardner deixou tudo isso em sua passagem pela Espanha franquista dos anos 1950 e 1960, onde viveu por longas temporadas, fugindo da vida cheia de restrições que lhe era exigida em Hollywood. O documentário "La noche que no acaba", exibido na terça-feira no Festival de San Sebastián fora da competição, acompanha os passos da mítica atriz por uma Espanha isolada e atrasada, onde tomar um suco de laranja no café da manhã já era uma extravagância. "Viver na Espanha lhe permitia escapar do sistema de Hollywood e da vida nos Estados Unidos, da qual não gostava, sobretudo porque sofria muita pressão da imprensa", disse o diretor do filme, Isaki Lacuesta, em entrevista à Reuters. "O que ela encontrou aqui e que a fascinou foi não ter que levar uma vida dupla. Aqui ela não distinguia entre vida pública e vida privada, e praticamente tudo era muito extrovertido e espontâneo." "Naquela época, em Hollywood, os atores eram obrigados a comportar-se, até mesmo em sua vida privada, segundo os códigos determinados pela produtora. Aqui, de repente, a vida podia ser vivida à vontade", acrescentou. O documentário é baseado no livro "Beberse la vida", de Marcos Ordóñez, e foi concebido como uma colagem que conta a biografia de Ava através de seus filmes de ficção e de relatos de algumas testemunhas de sua intensa vida social espanhola. Produzido pelo canal de TV TCM, o documentário acompanha Ava desde que ela chegou ao pequeno povoado de Tossa de Mar em 1950 para rodar "Pandora and the Flying Dutchman", até a atriz rodar, também na Espanha, seu último filme, "Harém". Lacuesta recebeu o Prêmio Fipresci da crítica internacional no Festival de San Sebastián no ano passado, por "Los condenados", seu primeiro filme de ficção. "La noche que no acaba" fala da vida pessoal de Ava Gardner, sua relação tempestuosa com Frank Sinatra, seu idílio com o toureiro Luis Miguel Dominguín e seu gosto pela bebida, mas também trata de temas como o impacto da chegada da atriz à Espanha do pós-guerra ou das equipes americanas que vinham filmar no país.

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