Documentário foca destruição da Mata Atlântica

Com sessão especial nesta quinta na Sala Cinemateca, O Vale, de João Moreira Salles, discute devastação de recursos naturais no Vale do Paraíba

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Por Agencia Estado
Atualização:

No começo, o projeto de João Moreira Salles era fazer um filme sobre a elite brasileira. Ele começou entrevistando o último descendente de um daqueles lendários barões do café do Vale do Paraíba. Terminou fazendo outro filme - descobriu que o tema do seu documentário deveria ser a destruição da Mata Atlântica. O Vale pertence à série 6 Retratos Brasileiros, que o canal GNT exibiu em agosto. Marca a parceria de João Moreira Salles com o jornalista Marcos Sá Corrêa. Pode ser definido como um filme ambientalista sobre a destruição do Vale do Paraíba. Discute responsabilidades, mostra que a devastação da Mata Atlântica é obra de todos, desde a elite predadora até os lavradores com suas queimadas. Uns agem movidos pela fome de lucro, outros pela fome atávica, pela necessidade mais básica de sobrevivência, mas são (somos) todos responsáveis. "Não há mocinhos nem vilões, ou melhor, existem só vilões, pois a nossa é uma cultura de predadores", disse Salles em agosto, quando a série começou a passar na GNT. O Vale terá sessão especial nesta quinta-feira na Sala Cinemateca. É o Dia da Árvore, e a Sociedade Amigos da Cinemateca promove o evento para discutir o desmatamento. O Vale é perfeito para esse tipo de discussão. Cosete Alves, presidente da sociedade, lembra o sucesso que foi a exibição de outro documentário de Salles, seguida de debate, na Cinemateca. O outro documentário era Notícias de uma Guerra Particular, sobre a violência urbana. O debate de amanhã, após a exibição de O Vale na sala do Largo Senador Cardoso, deve reunir, além do documentarista, o jornalista Marcos Sá Corrêa, o deputado federal Aloizio Mercadante, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, José Pedro de Oliveira Costa, e o representante do Instituto Sócio-Ambiental, João Paulo Capobianco. Cosette adverte - como a sala é pequena e dispõe de apenas 110 lugares, os interessados não podem vacilar. Devem chegar com antecedência ao local. A série toda, incluindo O Vale, nasceu de um projeto de três jornalistas, Corrêa, Zuenir Ventura e Flávio Pinheiro, que queriam escrever um livro de reportagens fazendo retratos do povo brasileiro. Corrêa, interessado em aprender alguma coisa sobre as técnicas (e a arte) do documentário, procurou Salles. Terminou surgindo, em vez do livro, o projeto da série de documentários, unindo, em cada um dos retratos, um documentarista e um jornalista. Salles e Corrêa foram parceiros em O Vale e Santa Cruz, sobre os evangélicos. A série fez o maior sucesso na TV. Desmembrada, leva O Vale para a Cinemateca, para um debate necessário neste dia que, sendo da árvore, é também do desmatamento. O Vale - Exibição nesta quinta-feira, às 20h30, na Sala Cinemateca. Largo Senador Cardoso, 207, tel. 5084-2177. Na seqüência, ocorrerá um debate.

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