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Documentário 'Cildo' investiga trabalho do artista

Filme não traz entrevistas com críticos, historiadores ou acadêmicos, dando liberdade para o público

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Por Redação
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Um dos artistas plásticos brasileiros contemporâneos mais importantes, Cildo Meireles é o tema e o personagem em questão em "Cildo", que estreia em São Paulo. Dirigido por Gustavo Rosa de Moura, o filme é muito mais do que um documentário biográfico, mergulhando na obra e no processo criativo do retratado. O documentário revela Cildo como um artista conceitual para quem a arte vai muito além de um conceito. Suas obras devem ser vividas, experimentadas, tocadas. Suas instalações, como "Desvio para o vermelho", "Glove Trotter" e "Babel", convidam o público a interagir com elas, a senti-las, indo além da mera observação. No filme, a proposta de Rosa de Moura é passar ao expectador o máximo possível da sensação de estar cara a cara com uma obra de Cildo. Obviamente, ver suas peças no cinema não substitui a experiência real, mas o documentário dá conta de mostrar como seria interagir diretamente com elas. Nessa proposta, a câmera de Alberto Bellezia serve como os olhos, mãos e ouvidos da plateia. As imagens das obras - captadas em exposições, inclusive numa retrospectiva do artista na Tate Modern, em Londres, que aconteceu entre 2008 e 2009 - são entrecortadas por articulados depoimentos de Cildo. Lembranças da infância, comentários sobre a solidão e astronautas podem ser algumas dicas para mergulhar na arte dele. No entanto, para Cildo, a arte é algo livre, distante de interpretações complexas ou filosóficas, é algo a ser sentido, descoberto sem qualquer amarra que induza a conclusões. Fiel a essa postura, o filme não traz entrevistas com críticos, historiadores ou acadêmicos, dando liberdade para o público descobrir e interpretar a arte de Cildo, que começou a se destacar no final da década de 1960. O documentário foi feito ao longo de quatro anos, acompanhando o artista enquanto concebia e executava projetos. Esse longo período permitiu a aproximação entre ele e o diretor, o que fica claro no conforto dos depoimentos do artista. Um dos melhores momentos existe devido a um curta do crítico de arte Wilson Coutinho sobre Cildo Meireles, feito no final dos anos de 1970. Tal qual a obra de Cildo, este pequeno filme trabalha com inserções ideológicas. Numa de suas cenas, uma imagem de John Wayne num faroeste é dublada em português e o caubói 'fala' sobre a arte do brasileiro. É engraçada, e, ao mesmo tempo, eficiente, ilustrando bem o conceito pregado pelo artista. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

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