Do caubói ao diretor sensível, Clint Eastwood faz 80

Lança este ano 'Hereafter', thriller com Matt Damon, e roda longa sobre o ex-diretor do FBI J. Edgar Hoover

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Por Redação
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LOS ANGELES (EFE) - Para muitos o último 'grande clássico' do cinema, Clint Eastwood, o tipo durão dos faroestes de Sergio Leone que, anos depois, se reinventou como explorador minucioso dos sentimentos mais intensos, completa 80 anos nesta segunda, 31.

 

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Com expressão impenetrável, Eastwood deu classe aos famosos westerns-spaguetti. A icônica imagem do chapéu, do poncho e do cigarro no canto da boca pôs na história a trilogia de "Por um Punhado de Dólares" (1964), "Por uns Dólares a Mais" (1965) e "Três Homens em Conflito" (1966).

 

Os papéis que representaram o boom para Clint chegaram para ele após alguns filmes de série B e depois de sete anos vivendo Rowdy Yates na popular série americana "Rawhide", também ambientada no Velho Oeste e que chegou a ser conhecida no Brasil como "Couro Cru".

 

"Estava cansado de interpretar o vaqueiro exemplar", reconheceu o próprio ator. "O herói de Leone era diferente. Uma figura enigmática com tons satíricos que funcionava no contexto do filme", completou.

 

Entre os grandes - Com o último filme da "saga dos dólares", a fama de Clint Eastwood disparou e ele entrou totalmente na cena dos grandes de Hollywood.

 

Assim, logo conseguiu vários trabalhos com Don Siegel, como "Meu Nome é Coogan" (1968), "Os Abutres têm Fome" (1970) e, sobretudo, "O Estranho que Nós Amamos" (1971). Com ele, Eastwood, então apenas ator, apreendeu muito do que desenvolveria mais tarde como cineasta.

 

Foi de Don Siegel também, acostumado a trabalhar com orçamento apertado, que ele capturou a capacidade de criar com meios escassos.

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Naquele mesmo ano estreou atrás das câmeras com o thriller "Perversa Paixão" (1971), onde já dava pistas sobre os campos perturbadores que lhe atraíam como narrador.

 

E interpretou ainda um dos papéis mais memoráveis de sua carreira - novamente com Siegel -, o do violento policial Harry Callahan em vários filmes, o primeiro deles "Perseguidor Implacável".

 

No entanto, a dupla com o diretor renderia os melhores frutos em "Alcatraz - Fuga Impossível" (1979). Nos anos 1980, se voltou para sua faceta de cineasta e, então, surgirão sucessos como "Impacto Fulminante" (1983), de novo como Harry Callahan, "O Cavaleiro Solitário" (1985) e "O Destemido Senhor da Guerra" (1986).

 

E quando todos pensavam que Eastwood parecia se esgotar, o californiano se revelou como um dos autores mais importantes do cinema americano recente.

 

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Dois Oscars - Ganhou dois Oscar, de melhor filme e o melhor diretor, com "Os Imperdoáveis" (1992), em sua primeira colaboração com o amigo Morgan Freeman. Nos créditos, Eastwood dedica o trabalho a Siegel e Leone. Doze anos depois repetiu os prêmios com "Menina de Ouro". Além disso, foi candidato nas mesas categorias por "Sobre Meninos e Lobos" (2002) e "Cartas de Iwo Jima" (2006), em que se encorajou a compor até a trilha sonora.

 

Desde que filmou, em 1988, "Bird", a biografia do saxofonista Charlie Parker, Eastwood surpreendeu com uma voz e estilo próprios, encadeando trabalhos de fundo emocional e reflexivos. Ele conseguiu, inclusive, o milagre de seduzir a rainha do drama, Meryl Streep, em "As Pontes de Madison" (1995).

 

Mas poucos apostavam nesse futuro no cinema para Eastwood, um bebê que pesava mais de 6 quilos ao nascer, em San Francisco, filho de dois trabalhadores de uma fábrica e que se livrou de ir à Guerra da Coreia confinado no quartel como instrutor de natação.

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Ele teve cinco filhos e sete mulheres - se casou com Maggie Johnson e Dina, com quem vive desde 1996. Nos últimos tempos, chegou a dizer que "Gran Torino" (2008) seria seu último trabalho como ator.

 

Mas sua carreira como diretor não dá pistas de que vai parar. Para outubro deve lançar "Hereafter", um thriller sobrenatural protagonizado por Matt Damon, e já se prepara para rodar um longa baseado na vida do ex-diretor do FBI J. Edgar Hoover.

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