Disputa do Oscar está mais internacional que nunca

Historiador do Oscar acha que cinema reflete o mundo se fundindo numa só forma

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Por Agencia Estado
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O Oscar deste ano é o mais internacional da história, em grande parte devido ao número recorde de indicados mexicanos e britânicos. Clint Eastwood, o mais norte-americano dos atores e diretores, tem um filme indicado ao Oscar de melhor do ano, Cartas de Iwo Jima, que foi rodado em japonês (idioma que ele não fala) na Islândia, que se parecia com a ilha japonesa, mas era mais barata. Sem ficar para trás na globalização do principal prêmio do cinema dos EUA, outro indicado a melhor filme, Babel, rodado em quatro países com atores que falavam em japonês, francês, espanhol,. Árabe, berbere e na linguagem dos sinais,, foi escrito e dirigido por dois dos mais talentosos nomes do atual cinema mexicano. Completando a lista, A Rainha, filme britânico sobre a crise de Elizabeth II após a morte da princesa Diana, tem só um ator norte-americano, James Cromwell, e ainda assim porque nenhum ator britânico quis a chance de interpretar o sempre ridicularizado príncipe Charles. O Oscar sempre foi uma festa internacional, mas o deste ano parece especialmente aberto à invasão estrangeira. Sete das dez indicadas a melhor atriz ou melhor atriz coadjuvante são de fora dos EUA, inclusive a favoritíssima Helen Mirren, por A Rainha - que deve ser a primeira britânica premiada desde Emma Thomson por Retorno a Howards End. Azarão britânico Quanto aos atores, três dos dez indicados são estrangeiros, inclusive o azarão britânico Peter O´Toole por Vênus. O último britânico premiado foi o galês Anthony Hopkins, por O Silêncio dos Inocentes (1992). Entre os indicados ao prêmio de fotografia, só Wall Pfister (O Grande Truque) nasceu nos EUA. Vilmos Zsigmond (Dália Negra) é húngaro; Dick Pope (O Ilusionista) é britânico; Emmanuel Lubezki (Filhos da Esperança) e Guillermo Navarro (O Labirinto do Fauno) são mexicanos. Babel recebeu sete indicações - atrás apenas das oito de Dreamgirls - inclusive para o diretor Alejandro González Iñarritu. O sombrio O Labirinto do Fauno, falado em espanhol, recebeu seis indicações, inclusive a de melhor filme em língua estrangeira. O thriller britânico Filhos da Esperança recebeu três indicações, inclusive o de roteiro adaptado para o diretor Alfonso Cuarón. Historiador do Oscar Iñarritu é um dos três estrangeiros disputando a estatueta de melhor diretor, junto com os britânicos Stephen Frears (A Rainha) e Paul Greengrass (Vôo United 93). Nos últimos dez anos, o prêmio foi seis vezes para estrangeiros. Robert Osborne, historiador do Oscar, tem uma teoria para tamanha presença estrangeira neste ano. "Acho que todo o mundo está se fundindo numa só forma. Acho que é parte da mudança do mundo. Você tem um diretor mexicano dirigindo o indicado a melhor filme e um diretor americano dirigindo um filme feito inteiramente em japonês, e assim por diante".

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