Diretores ibero-americanos querem maior cooperação mútua

Eles também pediram que os filmes de seus países sejam mais universais e se afastem dos temas mais exóticos.

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Por Efe
Atualização:

Chicago (EUA), 4 abr (EFE).- Cineastas de Brasil, México, Argentina e Espanha defenderam nesta segunda-feira, durante o Festival de Cinema Latino de Chicago, uma maior cooperação dentro do cinema ibero-americano e que os filmes de seus países sejam mais universais e se afastem dos temas mais exóticos.

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Um dos grandes problemas do cinema da América Latina, da Espanha e de Portugal é que não conseguem ser exportados com facilidade para países de seu próprio âmbito linguístico e cultural, destacaram o brasileiro Eduardo Vaisman, os argentinos Miguel Cohen e Enrique Gabriel e o mexicano Alejandro Springall.

O Brasil está em pleno processo de transição de um cinema social a um cinema que também pode narrar dramas humanos de classe média e que poderiam ocorrer em qualquer parte do mundo, disse Vaisman, diretor de 180º, que está sendo exibido nesta segunda no festival.

"Nos últimos 20 anos, o cinema brasileiro conquistou o mundo com filmes de uma forte temática social, centradas na pobreza, na vida nas favelas, e no tráfico de drogas", explicou o brasileiro.

No entanto, há cinco anos, vem sendo aberto no país caminho para um cinema que fala de dramas humanos universais, como o que protagoniza o filme que Vaisman levou ao festival.

"Nós, latino-americanos, só assistimos a cinema nacional e americano, de modo que é mais fácil ver um filme mexicano em Nova York ou na Europa que nas armações para cartazes de Buenos Aires", lamentou Cohan, cuja estreia, Sin Retorno, abriu na sexta-feira a 27ª edição do evento.

Outro dos desafios é superar o rótulo de "cinema exótico de países distantes", nas palavras do argentino, e alcançar uma maior universalidade nos temas que trata.

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Para Springall, que apresentou no domingo seu novo filme No eres tú, soy yo, é "terrível" que os criadores ibero-americanos não tenham podido articular um mercado regional.

Assim, para o mexicano, o cinema do México se enfoca em dois públicos naturais: o do próprio país e o dos mexicanos que vivem nos EUA.

Essa dinâmica histórica vivida pelo cinema latino não será fácil de mudar, segundo Enrique Gabriel, diretor argentino que fez sua carreira na Espanha e que no domingo teve seu último filme, Vidas pequeñas, exibido em Chicago.

"Jamais conseguiremos 'panamericanizar' o cinema latino porque o modelo comercial majoritário moldou os gostos dos espectadores de todo o mundo à narração de Hollywood, que se impõe em todos os países", argumentou. EFE

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