A diretora censurada pelas autoridades chinesas Li Yu, cuja última produção "Lost in Beijing" foi retirada dos cinemas por seu teor erótico, pediu que o Governo chinês crie um sistema de classificação de filmes. Veja também: Mesmo reeditado, censura chinesa veta 'Perdidos em Pequim' "O sistema de classificação deveria ser criado o mais rápido possível", disse a diretora em declarações publicadas neste sábado pelo jornal "South China Morning Post", ao saber que seu filme havia sido retirado dos cinemas. Se o sistema não for criado, "será difícil para os diretores saber qual é o ponto fundamental. Será bom para ambas as partes", acrescentou. A Administração Estatal de Rádio, Cinema e Televisão (SARFT, por sua sigla em inglês) exigiu na sexta-feira que o longa de Li fosse retirado dos cinemas depois que 17 minutos de cenas eróticas e de conflitos sociais foram removidos da produção para que pudesse ser exibida. A entidade proibiu ainda a produtora da fita, Beijing Laurel Films, e seu diretor, Fang Li, de fazer qualquer outro filme pelos próximos dois anos e exigiu uma desculpa pública dos atores por trabalhar no filme, cujo título em chinês é "Ping guo". A SARFT tomou esta decisão após acusar os responsáveis do filme de divulgar as cenas censuradas em vídeos que apareceram na internet e em cópias piratas da fita em DVD. No mesmo comunicado, a Administração culpou ainda os produtores de ter levado a versão sem cortes ao Festival Internacional de Cinema de Berlim em fevereiro, desobedecendo sua ordem de eliminar as cenas eróticas para a estréia na mostra. "Não tenho idéia de como as cenas (cortadas) chegaram na internet", defendeu-se a diretora. A produtora alegou que não teve tempo de cortar as cenas eróticas de "Lost in Beijing" antes de levar o longa ao festival. O produtor Fang disse ao jornal "Southern Metropolis News" que, passados os dois anos da proibição, voltará a fazer o mesmo tipo de filmes. "Ping guo" evidencia o enorme abismo entre ricos e pobres através da história de uma massagista (Fang Bingbing) que é estuprada por seu chefe (Tony Leung Ka-fai). Após o episódio, o marido da vítima, um imigrante rural (Tong Dawei), tenta chantagear o criminoso. O mesmo tipo de censura sofreu o último filme de Ang Lee, "Lust, Caution", em sua exibição na China, enquanto o diretor de "Summer Palace", Lou Ye, também foi inabilitado por cinco anos pelas autoridades chinesas em 2006 por ter levado a produção ao Festival de Cannes sem sua permissão. A película, também produzida por Fang Li, conta um romance durante os protestos estudantis pró-democracia que terminaram em um massacre cometido pelo Exército chinês em 1989. Vários produtores e cineastas exigem um sistema chinês de classificação de filmes, já que a censura atua de maneira arbitrária e, enquanto proíbe sexo e violência em fitas estrangeiras ou minoritárias locais, permite estas cenas em produções de seus cineastas protegidos, como Zhang Yimou ou Feng Xiaogang.