Diretor Norman Jewison lamenta a perda da arte no cinema dos EUA

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Por BOB TOURTELLOTTE
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Quando o premiado diretor Norman Jewison, cujos sucessos incluem "No Calor da Noite" e "Feitiço da Lua", fala sobre a Hollywood atual, ele o faz com apreço por uma indústria que considera uma parte integral do mundo. Mas existe um ingrediente que, para ele, está faltando nos filmes americanos de hoje e que nem sempre faltou. Ele diz que a arte desapareceu da maior parte dos filmes, mesmo nos chamados filmes "independentes" feitos por divisões de estúdios. "Está faltando arte -- muita arte", ele disse à Reuters recentemente. "Olhe para os prêmios dados no cinema nos últimos 15 anos e você verá que muito poucos grandes filmes de Hollywood foram citados. Não sei como isso pode ser mudado." Jewison, que será homenageado na sexta pelo Museu de Arte do Condado de Los Angeles, o Centro de Cinema Canadense, que ele fundou, e a organização sem fins lucrativos Film Independent vinculou a diminuição dos filmes americanos feitos com arte à ascensão dos estúdios de Hollywood pertencentes a empresas e voltados aos lucros. Mesmo na arena dos filmes de baixo orçamento ditos independentes, diz ele, os cineastas são obrigados a contratar atores famosos que se disponham a trabalhar por salários baixos ou conseguir um bom gancho de marketing para atrair o público, para que as produções encontrem financiamento. O resultado disso é que a qualidade ficou em segundo plano diante do potencial de lucro. "O filme deveria ser o astro. A história deveria ser o astro", disse ele. "Talvez tenhamos perdido nossa confiança nas histórias." Jewison tem 82 anos e sabe do que está falando. Além de "No Calor da Noite", filme seminal sobre relações raciais, e da comédia romântica "Feitiço da Lua", seus filmes incluem "Os russos estão chegando!," "Jesus Cristo Superstar", "Agnes de Deus", "Hurricane -- O Furacão" e outros. Jewison já dirigiu dramas sérios e comédias malucas. Ele trabalhou no cinema e na televisão nos Estados Unidos e em várias partes do mundo. Seus filmes receberam 12 Oscar. Ele foi indicado para quatro, e em 1999 recebeu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas o prêmio Irving Thalberg pelo conjunto de sua obra. Nada mau para alguém que começou a trabalhar como ator em Toronto, quando ganhava a vida como taxista. Em reconhecimento a sua cidade e seu país de origem, Jewison fundou o Centro de Cinema Canadense em 1988 para apoiar e ensinar cinema e cineastas canadenses. Apesar de dizer que falta arte nas grandes produções, Jewison disse que Hollywood é "a grande fábrica de sonhos" e que, nos últimos 50 anos, o cinema tem sido "o mais importante meio de comunicação" do mundo. "Sei que há muita porcaria aí fora e que filmes são feitos pelo dinheiro", disse ele. "Mas o cinema vem sendo a forma de arte dominante dos últimos 100 anos e acho que isso expressa este país. Os americanos devem ter orgulho da história de seu cinema." No final dos anos 1960 e anos 1970 Jewison se decepcionou com a política americana, então mudou-se para a Europa para fazer cinema ali. Mas diz que nunca desistiu de fazer filmes em estilo de Hollywood.

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