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Diretor Mike Cahill quer resgatar a empatia com seu novo filme 'Bliss'

'Há pessoas em nossas vidas que enxergam o mundo de uma maneira muito diferente da nossa', afirmou o diretor ao 'Estadão'

Por Mariane Morisawa
Atualização:

Coisas como a teoria da simulação entraram na feitura do drama com toques de ficção científica Bliss: Em Busca da Felicidade, de Mike Cahill, que já está no ar no Amazon Prime Video. Mas para o diretor a palavra-chave para o filme é empatia, essa qualidade que parece cada vez mais rara. “A essência veio do lado sentimental para mim”, explicou Cahill em entrevista ao Estadão. “Estava interessado numa história que trata a fragilidade da mente e as diferentes maneiras de ver o mundo com empatia, amor e generosidade.”

Owen Wilson e Salma Hayek em 'Bliss' Foto: Hilary Brownyn Gayle/Amazon Studios

Em Bliss, Owen Wilson é Greg Wittle, um homem de meia-idade um tanto perdido na vida. Ele se divorciou recentemente e acaba de ser demitido do emprego quando conhece Isabel (Salma Hayek), uma sem-teto que Greg não reconhece de imediato, mas de quem já tinha feito um retrato. Ela tenta convencê-lo de que o mundo cheio de pobreza, poluição e injustiça onde vivemos é apenas uma simulação de computador. “Eu uso esse conceito da teoria da simulação, mas na verdade o conceito de existir um universo alternativo, como o paraíso, faz parte da cultura humana há 5 mil anos”, disse Cahill. “Então é uma proposição semiteológica e semicientífica. É engraçado porque há uma sobreposição curiosa aí.” A união da ciência com a espiritualidade é uma paisagem que o diretor pretende continuar explorando. Mas, ele insiste, é tudo apenas uma desculpa para uma história de amor entre um homem e uma mulher. Principalmente, é a história de uma filha, Emily (Nesta Cooper), que não desiste de seu pai, apesar de todas as suas aparentes loucuras – uma posição diferente daquela tomada por seu irmão Arthur (Jorge Lendeborg Jr.), que não quer saber de Greg. “Emily nunca desiste de retomar a sua relação com o pai, e seu amor e persistência fazem a diferença”, afirmou Cahill. O diretor escreveu o roteiro há quatro ou cinco anos, mas acredita que ele ganhou ainda mais relevância nos últimos tempos, em que a sociedade e até mesmo a família andam tão divididas, sem muito espaço de escuta, aceitação e debate saudável.  “Há pessoas em nossas vidas que enxergam o mundo de uma maneira muito diferente da nossa”, afirmou o diretor. “São pessoas que amamos. E talvez a razão pela qual elas leiam o mundo de outro jeito é porque sua mente é frágil, ou distorcida. Ou não. Em situações extremas, é como se realmente vivessem num outro mundo, que é entrelaçado com suas emoções. Por isso é tão difícil encontrar pontos de contato com essas pessoas.” Tentar criar pontes, no entanto, sempre vale a pena quando o amor existe. 

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