ROMA — William Friedkin, diretor do clássico de 1973 O Exorcista, está lidando novamente com o mal, mas não espere mais cabeças girando, camas levitando ou jatos de vômito verde.
Aquilo era ficção. Desta vez é de verdade, sem efeitos especiais, mas mesmo assim angustiante.
Friedkin filmou um documentário de uma hora intitulado O Diabo e o Padre Amorth, que trata daquele que talvez seja o exorcista mais famoso do mundo, Gabriele Amorth, padre italiano que morreu em 2016 aos 91 anos de idade.
“Algumas pessoas verão isso e ficarão céticas. Eu não sou cético”, disse Friedkin, de 83 anos, em entrevista por telefone antes da estreia do documentário em Nova York e Los Angeles nesta sexta-feira, 20.
Friedkin se tornou amigo de Amorth, um homem muito jovial, apesar da seriedade de seu trabalho.
“Conversamos durante horas sobre questões religiosas, o Novo Testamento e o caso no qual ele estava trabalhando”, contou Friedkin, nascido em uma família judia da cidade norte-americana de Chicago.
“Eu acho que ele foi o homem mais espiritual que já conheci.”
No dia 1.º de maio de 2016, cerca de quatro meses antes da morte de Amorth, o padre permitiu que Friedkin assistisse ao exorcismo de uma italiana de 46 anos com a condição de que o fizesse sem uma equipe, usando somente uma câmera pequena e sem interferir com o rito.
O exorcismo ocupa a maior parte do documentário, que ainda inclui entrevistas com psicólogos.
“Meu terror diante do que eu estava assistindo se tornou empatia pelo sofrimento que ela estava sentindo”, disse.
A filmagem mostra a mulher sendo contida pelos assistentes de Amorth. Ela se contorce e grita com uma voz rouca diferente da sua. Amorth, que teve um séquito semelhante a um culto na Itália, realiza o rito em latim e italiano enquanto outros, conhecidos como “exorcistas auxiliares”, ajudam orando.
“Eu testemunhei uma transformação completa de personalidade e uma mulher que tinha uma força além de suas capacidades físicas aos 46 anos, ela passou por uma transformação completa na maneira como falava e emitia sons”, disse o diretor.
Quanto ao que espera que o documentário ofereça, ele disse: “Só porque não conhecemos ou entendemos algo, não significa que não existe. Eu fui capaz de ver isso e fiz um registro disso, agora as pessoas podem ver e julgar por si mesmas”.