Cada vez mais as animações da Disney assemelham-se para ser diferentes. Dinossauro, com pré-estréias em São Paulo, é um mix de Tarzan, A Bela e a Fera, O Concunda de Notre Dame e até uma produção alheia ao estúdio, Parque dos Dinossauros, de Steven Spielberg. Depois que a fantasia de Spielberg reavivou o interesse pelos animais antediluvianos, não surpreende que a Disney venha "humanizar" as criaturas extintas há 65 milhões de anos. Aladar é o herói e, como Tarzan, é um dinossauro criado por macacos numa ilha distante. Por meio desse recurso - o ovo que contém Aladar é roubado e percorre um longo caminho até chegar à ilha -, a ficção de Dinossauro repete uma lição de quase toda a animação recente da Disney. É o conceito politicamente correto de que podemos e até devemos aceitar a diversidade, o outro. Como "mensagem" subliminar continuamente passada às crianças de hoje, poderá criar, quem sabe, um mundo mais tolerante, amanhã. A diferença não impede Aladar de ser aceito e viver entre os macacos. Mas novos incidentes o lançam de novo entre os seus semelhantes, para que Aladar não apenas encontre o amor (com Neera), mas também possa desenvolver sua vocação de líder destemido e generoso. Tudo isso é Disney e Dinossauro não deve desapontar ninguém, embora ainda seja cedo para dizer se o seu apelo à vida na natureza vai representar para o público o mesmo apelo contido no melhor desenho do estúdio nas últimas décadas - O Rei Leão. Tecnicamente, é um prodígio. As imagens digitais instalaram-se, em definitivo, no território da animação, mas nunca foram tão impressionantes como nesse desenho que coloca o espectador no meio de uma manada de dinossauros, como se eles fossem reais. Dinossauro tem ação, romance, humor. Pode chegar aos 3 milhões de espectadores com que sonha a distribuidora Buena Vista. Dinossauro (Dinossaur). Animação. Dublado. Direção de Ralph Zondag, Eric Leighton. Vozes de Hebe Camargo, Nair Belo, Malu Mader, Fábio Assunção. Livre.