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"Delbaran" deve levar prêmio em Locarno

Por Agencia Estado
Atualização:

A fórmula iraniana de fazer filmes, usando imagens demoradas em paisagens áridas, com uma criança no papel principal e personagens adultos masculinos, para evitar os rigores da censura, continua tendo sucesso nos festivais de cinema. No Festival Internacional de Cinema de Locarno, o filme Delbaran, do iraniano Abolfazi Jalili, uma rara co-produção com o Japão, tem praticamente um prêmio garantido. A trama é simples e poderia ser sintetizada em algumas frases, tem pouco diálogo mas a força estética própria dos cineastas iranianos. O filme mostra o imigrante clandestino Kaim de 14 anos, trabalhando num albergue, num vilarejo da fronteira iraniana, como moleque de recados e quebra-galhos, correndo para buscar água, fazer compras ou ajudar na reparação de uma moto ou caminhão. O pano de fundo é um região de trânsito de afegãos, em busca de trabalho, fugindo aos talibãs, mas rechaçados pela polícia iraniana. O filme Dança da Poeira, de Jalili, ganhou o Leopardo de Prata de Locarno, em 98. Como surgiu o filme? Abolfazi Jalili - Minha intenção inicial era de fazer um filme com um adolescente trabalhando num albergue no deserto. À busca do ator, encontrei Kaim, por acaso. Só depois de lhe ter convidado para o filme, descobri que era afegão, o que me levou a mudar o texto original. Onde fica Delbaran? Na região leste do Irã, perto da fronteira com o Afganistão. Era um região de encontros e de refúgio, no centro de um deserto rude. Mudou com a construção de uma estrada ligando o Irã ao Afganistão. O albergue da região, que antes recebia amorosos escondidos, passou a receber clandestinos afegãos e mesmo traficante de droga.

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