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De Niro inferniza em "Entrando numa Fria"

Greg é enfermeiro, judeu, atrapalhado e vai pedir a mão da namorada, quando se depara com um futuro sogro inquisidor, ex-membro da CIA, que atormenta sua existência

Por Agencia Estado
Atualização:

Entrando Numa Fria que estréia nesta sexta nos cinemas de São Paulo. é uma aplicação prática da Lei de Murphy. Tudo que pode dar errado para Greg Fornika (Ben Stiller) acontece no fim de semana em que ele vai pedir a mão da namorada Pam (Teri Polo) ao futuro sogro, Jack Byrnes (Robert De Niro). Greg é enfermeiro, judeu, atrapalhado. Faz tudo errado e dá todos os foras possíveis na casa do inquisitorial De Niro, um ex-membro da CIA que, aposentado, conserva hábitos adquiridos na profissão. Uma comédia desse tipo depende basicamente de atores e roteiro. Stiller é suficientemente bom para fazer o tipo convincente do cara frágil, que procura se impor, mas, a cada vez que procura se impor, afunda inexoravelmente. Joga com o sadismo da platéia, que torce por sua próxima trapalhada. Seu partner não é Pam, a meio aguada Teri Polo, mas o ameaçador Jack. De Niro, o grande ator dramático, também vai de comédia, como sabe quem o viu em Máfia no Divã, filme divertido porém limitado. Agora ele está mais à vontade, porque o papel oferece mais possibilidades. Basicamente seu personagem é inquisitorial, invasivo, controlador - no limite do impensável. O que dizer, por exemplo, de um pai que submete o candidato a genro ao detector de mentiras? São como esse os melhores momentos de Entrando Numa Fria. Os outros entram para compor o que se espera do gênero, e de certa forma, o enfraquecem. Não faltam cenas de pastelão, tão caras ao humor feito nos Estados Unidos. Há também problemas de ritmo. Lá pelo meio da história, cria-se uma barriga, como essas que costumam engravidar, falsamente, as novelas brasileiras. Delas, nada nasce, e significam apenas gordura em textos que se poderia desejar mais enxutos. Assim, uma boa tesoura na mesa de edição talvez desse mais agilidade a este filme dirigido por Jay Roach. E, no melhor dos mundos, essa tesoura poderia entrar em ação nas cenas finais, nos últimos 15 ou 20 minutos, que tendem a adocicar e temperar tudo o que de corrosivo tinha rolado antes. Porque, brincando e fazendo rir, Entrando Numa Fria toca em temas como racismo, desvalorização de certas profissões, o conservadorismo do americano médio, preconceitos, etc. Tudo, no entanto, converge para um final apaziguante. Este deve ser esquecido, em proveito do que o filme tem de interessante e o precede.

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