O diretor Davis Guggenheim já fez filmes sobre líderes mundiais (Barack Obama e Al Gore) e estrelas do rock (U2, Jimmy Page e Jack White), mas a obra que mais o sensibilizou foi a mais recente, sobre uma menina e seu pai.
Claro, Malala Yousafzai não é qualquer garota. Guggenheim passou um ano e meio com a ganhadora do prêmio Nobel da Paz e sua família para filmar do documentário He Named Me Malala, que estreia nesta quinta-feira nos Estados Unidos. A experiência foi comovente.
"Ela é minha preferida", disse o documentarista ganhador do Oscar por Uma Verdade Incoveniente. "Não devemos ter favoritos, mas ela é incrível. Eu me apaixonei por essa família".
Mais do que pelo ativismo de Malala, Guggenheim se sentiu inspirado pela dinâmica familiar dos Yousafzai e como valorizam a tradição, a educação e a diversão.
"Queria que minha família fosse mais como a sua", disse o cineasta de 51 anos e pai de três filhos com Elisabeth Shue. "Queria que minha família sentisse esse amor pelos outros, esse amor tão expressivo".
He Named Me Malala (sem tradução oficial) é um retrato pessoal da ativista adolescente, que foi baleada por defender a educação das mulheres no Paquistão. Recuperou-se e continuou seu trabalho no mundo todo, discursando nas Nações Unidas em 2013 e ganhando o prêmio Nobel da Paz no ano passado. O filme prioriza a relação próxima de Malala com o pai, Ziauddin Yousafzai, professor e orador público que sempre soube o potencial da filha, independentemente de gênero.
"Tenho duas filhas, e elas são um mistério para mim", disse Guggenheim. "Quero desvendar a relação da Malala com o pai de alguma forma".
O diretor descobriu o histórico de oradores públicos na família Yousafzai: Ziauddin defendeu por anos a educação e a liberdade frente ao radicalismo religioso e seu pai, avô de Malala, foi clérigo. O nome da menina foi inspirado em Malalai de Maiwand, uma jovem corajosa que comandou tropas do Afeganistão contra o exército britânico em 1880 e acabou morta.
Guggenheim acompanhou Malala e o pai em uma viagem ao Quênia, à Nigéria e à Jordânia para lutar pelos direitos das crianças. As filmagens também aconteceram na casa da garota, onde ela faz suas tarefas, brinca com os irmãos e sorri vendo fotos de Roger Federer na internet.
Mas mesmo depois de tantas horas passadas com a família, Guggenheim afirma que Malala, de 18 anos, continua sendo um mistério para ele.
"Evidentemente, ela é uma combinação de todas essas coisas maravilhosas: o ar sonhador do pai e a intensa espiritualidade da mãe", disse. "Ela é única".
"Este documentário é meu favorito porque realmente mudou minha vida. Estou deslumbrado", disse. "Quero o que eles possuem. Quero ser o pai que Zia é. Quero que minhas filhas sintam o amor que ele sente por Malala. Quero que sintam esse amor e esse respeito".