David Slade inova imagem dos vampiros em '30 dias de Noite'

Baseado no grafic novel de Steve Niles e Ben Templesmith, longa se passa em Barrow, no Alasca

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Em abril, entrevistado pelo repórter do Estado em Tóquio - no lançamento mundial de Homem-Aranha 3 -, o diretor Sam Raimi comentou sua atividade como produtor, à frente da Dark Ghost Entertainment, empresa criada para dar vazão ao seu gosto pelo terror (e pelos comics). Raimi comentou, en passant, 30 Dias de Noite. Disse que não resistiu a adaptar a graphic novel de Steve Niles e Ben Templesmith, mas que não teve nenhuma participação na filmagem. "O segredo está em escolher alguém que tenha afinidade com o produto que se quer criar. Defendo para os outros o que também quero para mim - o diretor deve ter autonomia para desenvolver seu trabalho."   Veja também: Trailer de '30 Dias de Noite'    O diretor de 30 Dias de Noite, que estréia nesta sexta-feira, 7, em salas de todo o País, é David Slade, que realizou aquele Atração Fatal teen que ganhou o título de Menina Má.Com. Em Nova York, ele contou ao repórter como chegou à direção de 30 Dias de Noite. "Acho que fui um dos primeiros a comprar a primeira edição da graphic novel. Acho genial o trabalho de Ben (Templesmith), especialmente aquela imagem do xerife Eben vendo, pela janela, a primeira aparição dos vampiros. Aquilo mexeu muito comigo. Era, não apenas intensamente visual, como assustador. Após o lançamento de Menina Má.Com, encontrei-me com um executivo da Columbia que mencionou o fato de a Dark Ghost haver adquirido os direitos de adaptação. Disse que faria qualquer coisa para dirigir o filme. Sam (Raimi) viu Menina Má.Com e simplesmente me entregou o projeto. Não interferiu em nada, exceto as trocas de idéias naturais de parte de um grande conhecedor de quadrinhos, como ele."   Vamos logo dizendo que 30 Dias de Noite é um filme que mostra os vampiros como você nunca viu antes. O cinema celebrou muitas vezes a figura noturna do sugador de sangue, protegido pela noite e que toda manhã volta às trevas, para fugir à luz do sol que pode destruí-lo. A idéia inovadora de Steve Niles e Ben Templesmith foi situar a ação da graphic novel em Barrow, no Alasca, cidade tão setentrional que lá, durante 30 dias, no inverno, o sol se põe e existe somente noite gelada. É em Barrow que o xerife Eben, interpretado por Josh Harnett, vive sua crise. Ele está separado da mulher, mas ela reaparece para resolver assuntos pendentes. A ex de Eben, Stella, perde o último avião que parte antes da longa noite dos 30 dias. Logo em seguida, Barrow é invadida por esses estranhos vampiros que parecem alienígenas. O casal enfrenta uma dura (e dupla) prova - não apenas ambos têm de lutar pela vida como precisam enfrentar a perturbação que a nova proximidade provoca nos dois.   David Slade sabe tudo sobre vampiros e a sua tradição na literatura e no cinema. Fã dos clássicos, de Lord Byron e Bram Stocker, do Nosferatu de Friedrich Wilhelm Murnau e do Drácula de Francis Ford Coppola, ele viu no trabalho de Niles e Templesmith - uma série de três livros - a oportunidade de desvincular os vampiros da imagem gótica que o cinema terminou estratificando. Os vampiros de 30 Dias de Noite falam uma língua inidentificável - inventada pelo diretor em parceria com lingüistas - e revelam um apetite insaciável por sangue. Saltam como bestas sobre as vítimas, o que talvez evoque a coreografia nos ares dos filmes de artes marciais. Slade pode admirar vários desses filmes, mas diz que não se trata de um recurso para cativar as platéias jovens. "Visamos ao máximo de impacto e o importante era projetar uma outra imagem que não a consagrada. O vampiro tradicionalmente caminha de forma lenta e até um pouco solene. Para ir contra isso, o que fizemos? Nossos vampiros saltam."   Josh Harnett, que faz o xerife, adorou a experiência. Embora não neófito em filmes de horror - seu primeiro papel importante foi em Halloween H20: 20 Anos Depois, em 1998 -, ele diz que é mais divertido fazer um filme de vampiros que uma comédia. E mais - "O personagem tem uma curva dramática; é um homem em crise, vulnerável e isso é sempre interessante para um ator. Ao mesmo tempo, o roteiro me pareceu assustador e David (o diretor Slade) ainda me garantiu que nós não íamos recorrer a efeitos." Os saltos espetaculares foram filmados sem truques - e o único efeito computadorizado foi o que deu a mesma formação ao rosto de todos os vampiros, sendo o mais sinistro o líder do grupo, interpretado por Danny Huston, filho do grande diretor John. A mocinha é Melissa George. Casada com um argentino, ela adora churrasco, fala bem espanhol e português, razoavelmente. Onde aprendeu? Filmando, no Brasil, o horroroso Turistas. Antes mesmo de ser cobrada, Melissa se defende - "O roteiro parecia interessante e o país não era identificado. O crime foi praticado na montagem. Compreendo sua indignação. O filme é horrível."   O repórter viajou a convite da Sony Pictures

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