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Darín, depois de 50 anos como ator, ainda trabalha em ritmo frenético

O ator argentino recebeu o Prêmio Gloria, do Festival de Cine Latino de Chicago, por sua produtiva e bem-sucedida carreira

Por Jorge Mederos
Atualização:

O ator argentino Ricardo Darín, às vésperas de receber o Prêmio Gloria, do Festival de Cine Latino de Chicago, por sua produtiva e bem-sucedida carreira, disse à EFE que, após 50 anos de “filmagem” e mais de 40 filmes, ele ainda se sente capaz de trabalhar em um ritmo frenético.

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“Eu tenho 61 anos, mas ainda me sinto caminhando nessa viagem”, disse ele durante uma entrevista em seu hotel em Chicago, horas antes de receber o Prêmio Gloria por sua trajetória profissional no Latino Film Festival Internacional que se realiza há 34 anos nesta cidade.

“A realidade obriga você a enfrentar certas coisas que não dá para esconder com a idade, mas a minha realidade é trabalhar, e eu me movimento muito entre o cinema e o teatro. O problema será quando deixar de fazer isso”, disse o ator, que chegou a atuar em até três filmes num ano e tem encenado há anos a peça Escenas de la vida conjugal, que ele apresentou em seu país, além de Chile, Peru, Uruguai e Espanha.

O ator argentino Ricardo Darín em Chicago. Foto: Rafael Vázquez/EFE

Darín, também diretor e agora produtor de cinema, acredita que os prêmios e reconhecimentos como o de Chicago “são abraços e estímulos muito importantes” na vida dos artistas, especialmente quando eles vêm de “pessoas que entendem, que são do meio”, em particular agora que ele começou a produzir seus próprios filmes.

Segundo ele, existem no mercado produtos “mais protegidos e incentivados” que outros, porque pertencem a empresas cinematográficas de alcance mundial e possibilidade de recuperação mais rápida do investimento feito.

“Para nós tudo nos custa muito, mas seguimos em frente”, disse o ator de Nove Rainhas, que acaba de terminar as filmagens em Buenos Aires de El Amor menos Pensado (ainda sem título em português), uma comédia romântica que estrelou com a atriz Mercedes Morán, com quem trabalhou em 2004 em Clube da Lua.

++ Filme de Asghar Farhadi com Penélope Cruz, Javier Bardem e Ricardo Darín abrirá Cannes

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Este filme, o primeiro filme de Juan Vera, é a primeira coprodução da companhia de Darín, e de seu filho "Chino" Darín, que também é ator, com a Patagonik Filmes da Argentina.

Enquanto prepara o próximo projeto, o ator aguarda "com muita curiosidade”, a estreia de Todos lo Saben (também sem título no Brasil), escrito e dirigido pelo iraniano Asghar Farhadi, no qual Darín dividiu a cena com as estrelas de cinema espanhol Penelope Cruz e Javier Bardem.

“Ainda não vi o filme pronto, embora tenha noções gerais e os comentários de meus colegas e do diretor”, disse ele sobre o filme, escolhido para abrir em maio o prestigiado Festival de Cannes.

O ator considerou “uma experiência muito rica” ​​ter trabalhado com Farhadi, vencedor do Oscar de filme em língua estrangeira em 2012 por A Separação, e em 2017 por O Viajante, com quem ele se entendeu perfeitamente, embora o diretor não fale espanhol.

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“Falamos a linguagem cinematográfica e é isso que importa”, disse Darín, que disse ter comprovado “que se pode aprender com os mais jovens", porque Farhadi é mais novo do que ele, mas transmite a sensação de uma “aprendizagem permanente”, comentou.

Darín destacou em sua longa carreira, que começou como ator infantil, as filmagens de Nove Rainha (de Fabian Bielinsky, 2000) e O Filho da Noiva (de Juan José Campanella, 2001), duas histórias com personagens muito diferentes. Foram esses filmes que lhe serviram como uma carta de apresentação a nível internacional.

No primeiro interpreta Marcos, um vigarista, e no outro Rafael, um homem de quarenta anos dominado pelo estresse causado por um restaurante herdado de seu pai.

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Segundo o argentino, o primeiro problema dos atores é conseguir um emprego, o segundo é manter uma certa estabilidade e o terceiro “receber consideração”.

Em seu caso, ele disse que sua “grande sorte” foi ter feito esses dois filmes, que “foram minhas credenciais” para o público visse suas facetas como ator e ele começasse a ser conhecido fora da Argentina. O ator voltou a trabalhar com Campanella em O segredo dos seus olhos, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010.

Considerado um ícone da cultura do seu país e uma referência que vai além do cinema, ele é ouvido pelos meios de comunicação em relação a qualquer evento que ocorre no país. Darín reconhece que tem tido problemas com suas opiniões e que o tempo o tornou mais cauteloso.

“Mas eu continuo sentindo com o meu estômago, e se há algo que realmente vale a pena dizer, mesmo com o risco de cometer um erro, eu me lanço, e vou continuar a fazê-lo", disse ele.

Tradução de Claudia Bozzo

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