Chega hoje aos cinemas o brasileiro Querido Estranho, de Ricardo Pinto e Silva baseado no peça Intensa Magia, de Maria Adelaide Amaral. O texto é um dos trabalhos mais pessoais de Maria Adelaide - o filme mostra como a festa de aniversário do patriarca Alberto se transforma em um acerto de contas em família, em que disputas, ciúmes e velhos ressentimentos são colocados à mesa com um humor ríspido, mas sincero. "Escrevi Intensa Magia pensando em meu pai. Ricardo foi fiel ao espírito da minha história. Meu pai não era o marido que minha mãe gostaria de ter, nem o pai que teríamos desejado e a recíproca era verdadeira. E a essência desse relacionamento está no filme", conta a dramaturga, que não participou da adaptação do texto. O filme marca a volta de Daniel Filho como ator de cinema, depois de 17 anos. Completam o elenco Suely Franco, como a mãe Roma; Claudia Netto, no papel da filha Zezé; Emílio de Melo, é Betinho, o filho; Ana Beatriz Nogueira, vive Teresa, a outra filha; e Mario Schoemberger, como o noivo Carlos Alfredo. O diretor buscou mostrar a naturalidade do cotidiano de uma família de classe média brasileira. Para isso, cuidou de detalhes, como os territórios ocupados pelo pai e pela mãe dentro de casa: enquanto os recantos de Alberto são focalizados com cores mais frias, simbolizando a figura opressora e temida, o espaço de Roma é apresentado com cores quentes, representando o aconchego e o calor humano. Silva acredita na boa aceitação de sua história ao observar o sucesso de filmes como O Filho da Noiva que tratam de temas aparentemente banais, mas muito próximos das pessoas. "E é isso o que oferece o texto de Maria Adelaide", diz.