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Daniel Filho une humor e drama em "Se Eu Fosse Você"

Filme reúne Glória Pires e Tony Ramos pela primeira vez, discutindo com humor o casamento. Visite o site

Por Agencia Estado
Atualização:

No início, era um projeto de Jorge Fernando, impulsionado pelo sucesso de Sexo, Amor e Traição, outra parceria da Total Entertainment com a Fox. Às vésperas do começo da filmagem de Se Eu Fosse Você, Jorge se desligou da produção, mas não por qualquer tipo de atrito - tanto isso é verdade que ele tem uma pequena participação como ator. Na vaga de Jorge Fernando entrou o produtor associado, promovido a diretor, Daniel Filho. "Sempre soube que era o tipo do filme que eu poderia e até gostaria de fazer", ele contou, numa entrevista à Agência Estado. Na versão que seria originalmente filmada, a trama sobre o casal que troca de corpos - a mulher indo parar no do marido e vice-versa - ia receber um tratamento de comédia escrachada. Daniel Filho retardou um pouco a filmagem para retrabalhar o roteiro. Ele queria dosar mais humor e drama, convencido de que Se Eu Fosse Você introduz uma novidade na situação tantas vezes explorada por Hollywood - "Houve mudanças de corpos entre pais e filhos, mães e filhas, até entre homens e mulheres, como em Um Espírito Baixou em Mim, mas nunca entendi por que nunca trataram o tema no âmbito do casal, de forma a discutir a instituição do casamento." Foi o que o atraiu no material de Se Eu Fosse Você. Não apenas ele - os atores Tony Ramos e Glória Pires também acham que o fato de ser entretenimento não impede o filme de dizer coisas sérias sobre a natureza das relações entre homens e mulheres. Entrevista com Daniel Filho Qual foi sua maior dificuldade no processo de criação do filme? Todo o processo de criação de Se Eu Fosse Você foi muito prazeroso, porque a equipe era ótima e muito bem integrada. Atores, fotógrafo, cenógrafo, foi um convívio muito agradável, mas houve uma dificuldade, sim. Para que o filme funcionasse, pelo menos da maneira como eu o via, era preciso dosar comédia e drama. Nesse processo, os atores foram decisivos. E como você chegou a Tony Ramos e Glória Pires? Sempre tive a maior admiração pelos dois, que têm carreiras de 30/40 anos na TV e nunca haviam trabalhado juntos. O curioso é que, quando fiz o convite, havia só uma vaga proposta do Sílvio de Abreu para reuni-los em Belíssima. Não podemos ser acusados de oportunismo, mas acho ótimo que o filme chegue às salas com a novela no ar e os dois estejam muito bem em ambos. E a cena do Tony Ramos na piscina? É o momento Esther Williams de Se Eu Fosse Você. Modéstia à parte, faço uma ótima imitação da Esther numa piscina. Propus ao Tony que se soltasse e ele fez, claro que com certas limitações (ri). O Tony acha que sabe nadar, mas não sabe o que prejudica um pouco a Esther Williams dele. Mas a surpresa da cena é que você não espera aquilo do Tony e ele faz com toda a seriedade. Nas pré-estréias, é uma das cenas em que o público mais ri. Entrevista com Glória Pires Como foi encarnar um homem mantendo a aparência feminina? Foi o maior problema que enfrentei em Se Eu Fosse Você, mas também foi muito legal. Desde o início, o Daniel (Filho) descartou, e Tony (Ramos) e eu concordamos com ele, que a gente utilizasse qualquer tipo de máscara. Teria que ser um trabalho corporal, de impostação de voz, essas coisas. Tivemos uma instrutora ótima, sem a qual não teríamos chegado a um resultado tão bom. O fato de havermos ensaiado bastante, antes, também foi positivo. Chegamos prontos ao set, como se fosse um teatro. Dê um exemplo de coisa que tenha sido difícil de fazer. Andar de sapato alto fingindo que não sabia ou conseguia, foi um suplício. Você não pode imaginar como uma coisa a que a gente está acostumada e que é perfeitamente natural, pode virar um inferno. Contar a piada também foi muito difícil. Ué, mulher não conta piada? Conta, mas é diferente, não é do jeito sacana que vocês, homens, contam. Você nunca havia trabalhado com o Tony. E tenho a maior admiração por ele. Por seu talento, seu profissionalismo, seu bom caráter. Tive uma experiência ótima com ele no filme e estou adorando fazer a novela (Belíssima). Justamente, a novela. Muitos telespectadores estão estranhando. Você faz sempre mulheres decididas e fortes e agora está fazendo esta que é tão apagada, tão submissa ao marido. Mas isso vai mudar. É o que também torna a novela divertida. É muito chato ficar repetindo. Entrevista com Tony Ramos Não vai ser um tanto surpreendente para o seu público de TV vê-lo fazer todos aqueles trejeitos femininos e ainda soltar a franga na cena da piscina? A cena da piscina foi uma invenção do Daniel (Filho), que me propôs - vamos fazer um instante Esther Williams? E eu fiz. Se tiver preconceito ou medo de ousar, nunca vou sair da mesmice. E eu vou lhe dizer uma coisa. Só acha que eu não vou fazer as coisas quem não me conhece. Gosto de ir fundo nos personagens que interpreto. O de Se Eu Fosse Você tem esse lado feminino, que eu não quis depreciar, fazendo dele uma caricatura. Além do que, tenho currículo, meu amigo. Fui dos primeiros atores a participar de uma montagem revolucionária sobre o mundo gay no Brasil, com a peça Os Rapazes da Banda. E você se auto-ironiza. É notório pelo excesso de pêlos no corpo e faz aquela cena diante do espelho, dizendo a Glória que acha que vai raspar tudo. E olhe o tom de voz com que digo. São essas coisas que tornam essa profissão divertida. Sou um cara sério, na vida e na profissão, mas acho que o que me salva é o fato de não levar excessivamente a sério essa figura pública que construí com tanto esforço e dedicação. Houve época em que me incomodava muito ser considerado o certinho, o careta. Não sou certinho. Sou como todo mundo, com carências, preocupações, dores. O que me diferencia é essa capacidade de interpretar. O humor ajuda. Um pouco de humor é necessário na vida das pessoas. Com humor, tudo fica mais fácil, senão necessariamente melhor. E a Glória (Pires)? Glorinha é maravilhosa. A gente se conhecia e admirava, mas nunca havia trabalhado junto. Depois do filme é que estamos tendo a experiência de trabalhar juntos em Belíssima. A inversão de nossos papéis em Se Eu Fosse Você é o sonho de todo ator. Eu, rebolando; a Glória, dura naqueles saltos altos. Era tão engraçado fazer que, às vezes, a gente até perdia a concentração. Gostaria muito que as pessoas se divertissem como a gente se divertiu fazendo o filme.

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