Crítica recebe "Sin City" com silêncio em Cannes

Concorrendo à Palma de Ouro, prêmio máximo do festival, longa de Frank Miller e Robert Rodríguez não agradou críticos Veja a Galeria de Cannes

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Por Agencia Estado
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Apesar da expectativa criada pela propaganda e da colaboração de Quentin Tarantino, o filme americano Sin City, de Frank Miller e Robert Rodríguez, foi recebido na sessão de imprensa em Cannes com um denso silêncio pela crítica especializada. O outro filme que competiu hoje pela Palma de Ouro, o francês Peindre ou Faire L´Amour, de Arnaud e Jean-Marie Larrieu, é uma comédia algo vetusta sobre troca de casais, que parece ter sido rodada há trinta anos. Sin City, que deve se transformar em um sucesso de público, é baseado na conhecida história em quadrinhos de Frank Miller, que narra o que se passa em uma cidade infestada de criminosos, policiais e políticos corruptos, e mulheres fatais. Sexo e violência são os únicos elementos da estrutura do filme, que, no entanto, ostenta um aspecto estético e formal muito bem cuidado. Cinema para adultos com alma de crianças, o filme de Miller e Rodríguez utiliza as últimas técnicas do cinema digital para narrar uma história maniqueísta, de heróis e criminosos, que, graças à repetição de situações, termina entediando o espectador. Sin City se afunda nas raízes da cultura popular americana e tenta imitar as novelas policialescas das décadas de 30 a 50, mas sem a grandeza dos professores da "pulp fiction". Os protagonistas das histórias do filme - são várias que vão se encadeando - fazem seu trabalho com notável eficácia, principalmente Benicio del Toro, Jessica Alba, Bruce Willis, Mickey Rourke e Brittany Murphy. Do ponto de vista técnico, Sem City foi filmado com as mais modernas câmaras digitais, as mesmas usadas por George Lucas no terceiro episódio de Stars Wars. Foi rodado em vídeo digital de alta definição. Todos os monitores funcionavam a cores, exceto um, que era branco e preto. Assim, Rodríguez podia escolher como a cena ficaria melhor. Frank Miller, nascido em 1957, é um bom desenhista especializado em super-heróis, como Elektra, a assassina ninja, ou o Batman envelhecido. Rodríguez nasceu em San Antonio, no estado americano do Texas, e é filho de mexicanos. Em 1991 rodou Bedhead, um curta-metragem que obteve 14 prêmios. El Mariachi, o longa-metragem que o lançou à fama, é de 1992. Já o filme francês, protagonizado por Sabine Azema, Daniel Auteil, Amira Casar e Sergi López, é uma comédia tradicional sobre dois casais que trocam de par. O assunto não é inovador, também não é provocativa a forma na qual foi rodado, e praticamente não há nenhuma cena de sexo. O objetivo dos diretores, então, parece ter sido bastante teórico: mostrar se existe uma vida feliz após trinta anos de casamento. Os diretores explicaram que sua intenção foi mostrar a história de um casal sem medo e sem reprovações. Os irmãos Arnaud e Jean Marie Larrieu nasceram em Lourdes, em 1965 e 1966, respectivamente. Esse é o segundo longa-metragem dos dois, que filmaram também Um Homem de Verdade, de 2002. Antes, haviam rodado dois média-metragens: La breche de Roland e Fin d´eté, além de seis curtas.

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